As Vozes Do Prólogo

Páginas: 11 (2589 palabras) Publicado: 13 de enero de 2013
As vozes do prólogo de Lazarillo de Tormes

Katia Aparecida da Silva Oliveira (FAAC/ PG-USP)

O prólogo é um tipo de texto que antecede boa parte das obras literárias.
Como uma espécie de apresentação, dirige-se ao leitor e prepara-o para o que
encontrará em sua leitura.
Tendo sua origem no teatro grego, o prólogo também fez parte do teatro
medieval e renascentista, sendo uma espécie deintrodução do tema das peças que
eram encenadas.
Durante a Idade Média e o Renascimento, os prólogos tornaram-se
também parte integrante do discurso romanesco, sendo, como ocorria no teatro, uma
prévia, uma apresentação e preparação do público leitor para o conteúdo da obra que
pretendia ler.
O prólogo também tem um importante papel na relação do autor e do leitor
— ou espectador — de umaobra. Sendo uma introdução a ela, o prólogo se torna um
elemento que apresenta não só a obra em si, mas também o olhar que tem o autor
sobre ela. Além disso, a partir do prólogo também é possível identificar o tipo de leitor
(ou espectador) imaginado pelo autor e que terá contato com a sua criação, ou
mesmo, o tipo de leitura (ou recepção) que espera que desenvolvam dela.
É como se o prólogofosse um meio pelo qual se estabelecesse um
contato entre o autor e o leitor, com esse elemento parece se formar um laço entre
quem escreve e quem lê. Esse é o espaço onde o autor ainda tem algum controle
sobre sua obra, uma vez que nesse contexto pode tentar justificar ou mesmo
direcionar a atenção do leitor para aquilo que pensa ser importante em sua criação.

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Mas a voz queencontramos no prólogo não é a do autor real. O homem
real que escreve uma obra está em constante mudança, e a voz presente em sua
criação não.
O que encontramos dentro de cada obra não é a presença do autor “real”
dela, e sim uma “versão” que o autor cria de si mesmo ao escrever. Explicando
melhor, a forma como o autor se faz presente na obra não é necessariamente a
mesma como se apresenta no mundoreal. Ao escrever, o autor cria uma versão de
si, uma criação artística na qual estão implicados os seus objetivos para sua criação.
Booth (1980, p. 88 e 92) apresenta a diferença existente entre o que
chamou de autor real e autor implícito de uma obra. O autor real é para ele o
indivíduo, a pessoa responsável pela criação de uma obra, e que, resumindo, existe
no mundo “real”; o autorimplícito, por outro lado, é uma criação do autor real que só
existe em sua obra.
Dessa forma, podemos dizer que o prólogo, sendo parte de uma obra
artística, é o espaço onde, pela primeira vez, o leitor se depara com o autor implícito
dela.
Comecemos a pensar no caso do Lazarillo de Tormes. O prólogo dessa
obra é, há algum tempo, considerado por parte da crítica uma das chaves de leitura
paraesse romance picaresco, uma vez que nele encontramos informações que
podem influenciar a leitura final desse romance.
Durante muito tempo, o Lazarillo de Tormes foi considerado uma obra
incompleta graças à divisão em tratados (não desenvolvidos de forma homogênea)
que possui.
Atualmente, apoiando-se principalmente em Francisco Rico (1988, p. 13),
acredita-se que, originalmente, esse romance nãopossuía tal divisão em tratados e
que, provavelmente, essa divisão foi aplicada à obra por ocasião de sua publicação
pelas mãos de seu primeiro editor em meados do século XVI.

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Desconsiderando a divisão da obra em tratados, Lazarillo de Tormes
mostra-se como um texto completo, com uma estrutura fechada baseada na
causalidade, onde não há espaço para a adição de novos episódios,tornando difícil a
comprovação da idéia de que esteja inacabado.
Por outro lado, embora acreditemos na arbitrariedade da divisão de
Lazarillo em tratados e na completude da obra, não podemos deixar de observar uma
ruptura discursiva no seu prólogo. O discurso presente no prólogo da obra, que foi
tido até hoje pela maioria da crítica como parte do discurso de Lázaro de Tormes,
conforme notou...
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