Baica Eficácia Dos Tratamentos Da Obesidade
Resumo
HIPÓTESES SOBRE A BAIXA EFICÁCIA NOS TRATAMENTOS DE OBESIDADE. Gordon, E.J., Ollitta, C.S., Grupo de Estudos e Tratamento do Obeso, Centro de Referência de Álcool, Tabaco e outras Drogas, Secretaria do Estado da Saúde, São Paulo, SP, Brasil.
A partir do cotidiano de atendimento à população obesa, os autores destetrabalho, levantam hipóteses sobre o fracasso dos tratamentos de obesidade. Buscando compartilhar suas inquietações, refletem sobre os possíveis indicadores de baixa eficácia presentes tanto nos pacientes como nos profissionais. A obesidade com seus índices alarmantes, a controvertida definição desta condição, os desafios do emagrecimento, a frustração das reincidências, os modelos de beleza, a exclusãoda subjetividade são alguns dos temas a serem tratados.
I - Introdução
Em nossa prática de atendimento a pacientes obesos desenvolvida no Grupo de Estudos e Tratamento do Obeso (GESTO), programa do Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (CRATOD) da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, freqüentemente nos defrontamos com pessoas que apresentam uma longa história defracasso em tratamentos de emagrecimento e que buscam uma nova alternativa. São pessoas que apresentam uma ampla diversidade econômica, de nível de escolaridade, de estrutura psíquica e de faixa etária.
Essa dolorosa realidade tem sido para nós, motivo de constantes reflexões. Por que os tratamentos fracassam? O que consideramos uma terapêutica eficaz? O que os nossos pacientes, de fato, nosdemandam? Estamos aptos a compreendê-los?
O objetivo deste trabalho é poder compartilhar algumas hipóteses sobre a baixa eficácia dos tratamentos, fruto da nossa experiência de atendimento aliada a elaboração que conseguimos alcançar até momento.
Alguns princípios regem nosso olhar: a) consideramos a obesidade na sua multideterminação. Fatores orgânicos, psíquicos e culturais compõem oquadro desta afecção, b) priorizamos o sujeito e não a sua condição, ou seja, tratamos o obeso e não a obesidade, c) buscamos alcançar transformações profundas e não a exclusiva eliminação de sintomas, d) valorizamos a implicação da pessoa na mudança de sua condição, e) entendemos o interjogo dinâmico da teoria e da prática como vertentes em permanente interação no processamento de um percurso e f)como psicanalistas acreditamos na existência do inconsciente, motor propulsor da vida psíquica.
II - Situação da Obesidade no contexto da saúde
A. Magnitude do Problema
A obesidade é uma condição que traz severos agravos à saúde no plano somático, no psicológico e também no plano social. As comorbidades que costumam acompanhá-la, tais como doenças cardiovasculares (infarto domiocárdio), doenças cerebrovasculares (acidentes vasculares cerebrais – os chamados “derrames”), doenças do metabolismo (diabetes), outras doenças sistêmicas (hipertensão arterial), problemas ortopédicos, apnéia do sono e outras, além de isolamento, depressão, baixa auto-estima, sentimentos de incompetência, fracasso, culpa, rejeição intolerância, ridicularização, preconceitos e acusações relacionadas aoseu porte corporal.
A crescente incidência da obesidade em todas as partes do mundo leva-a a condição de ser caracterizada como uma pandemia, superando na maior parte dos rincões do planeta o grande problema anterior relacionado à alimentação, o flagelo da desnutrição, a fome.
Em publicação do Ministério da Saúde de 2006, relacionado ao tema da obesidade, temos que o panorama nacional, quenão destoa do mundial, nos traz dados extremante preocupantes: 12,7% das mulheres e 8,8% dos homens do Brasil estão na faixa da obesidade, tomando por referência o Índice de Massa Corpórea acima de 30. Estas porcentagens são mais acentuadas nas regiões Sul e Sudeste. Levantamento nacional correspondente ao período 1989-2003 mostrava, em relação aos períodos anteriores, que aumentou a incidência...
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