Escola e família

ESCOLA ∩ FAMÍLIA = ALUNO Conectando sistemas
Laíssa Eschiletti
Pensei em escrever um pouco sobre como algumas famílias vivenciam a caminhada de seus filhos na escola, especialmente daquelas cujos filhos são encaminhados para terapia familiar em algum momento de sua vida escolar. Entendo família como um sistema. Um sistema aberto que está em constante interação com outros sistemas. E quetambém vai se modificando conforme vai mantendo o contato com esses sistemas externos. Essas modificações introduzem crises internas na vida familiar o que tende a gerar uma evolução constante. Esse crescimento ou evolução pode ser descrito através de etapas genéricas que é o que chamamos de Ciclo Vital . Esses são momentos passados por todas as famílias mesmo que de intensidade e forma diferente. Ascaracterísticas peculiares de cada família são impressas pelos diversos sistemas nos quais esta está inserida, pois está se comunicando com a sua família extensa, outras famílias e instituições que interferem na forma que o grupo familiar vê a si mesmo e sua forma de funcionar. Essa rede social que se constitui e se modifica ao longo da trajetória familiar interfere diretamente na forma como cadasistema vivencia cada uma das suas fases no ciclo vital. É através da comunicação entre os membros – do sistema e de fora deste – que essas modificações podem ir acontecendo, sendo assimiladas e integradas na identidade familiar. É na identidade familiar que cada membro vai constituindo-se e buscando ferramentas para solucionar os problemas com os quais se depara no dia a dia. Ao se confrontar comoutros sistemas, um membro do sistema pode questionar o que vive e tentar modificar o funcionamento de sua família, gerando o crescimento (crise) que antes me referi. Se for me embasar na noção que o ciclo vital nos apresenta, posso dizer (didaticamente) que um sistema deve iniciar sua constituição com o “novo casal”. A própria “escolha do cônjuge” está intimamente relacionada com essa questão.Iara Anton (1998) enfatiza que é através de microssinais e mensagens não verbais que se estabelelecem os contratos que definem as regras para a aliança deste novo casal. Um novo sistema, com identidades próprias e/ou incorporadas das famílias de origem e da rede social onde se inserem deve surgir através da interação do casal. Pensando nisso é que não posso deixar de enfatizar a importância que temas famílias de origem na organização do novo casal e na criação dessa nova identidade familiar. As identidades familiares de cada um dos membros do casal são confrontadas e avaliadas, precisando ser desmontadas, analisadas e reconstruídas de uma nova forma. O novo casal, que funciona como responsável deste sistema, precisa entender que a forma como se comunicam (verbal ou analiticamente) temreflexo imediato no sistema amplo de suas famílias de origem. Idealmente, quando um dos dois tiver uma visão diferente do outro ambos precisam buscar compreender o ponto de vista do outro até conseguirem construir/negociar uma forma própria de funcionamento deste sistema.
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Ver mais sobre ciclo vital em CARTER & McGOLDRICK (1994) As Mudanças no ciclo de vida familiar.

Por isso é importanteum período onde o casal avalie as diversas redes que o envolvem, as questionem e escolham elementos que ambos consideram importantes para o futuro da relação, construindo assim uma base sólida para o desenvolvimento dos filhos e estabelecendo limites claros em relação às famílias de origem e outros sistemas da rede social. Se esse período não acontece (ou é encurtado) os membros do sistema podempassar a entender mensagens contraditórias (ou até paradoxais) e não conseguem crescer e mudar. O não conseguir negociar uma nova identidade familiar pode fazer com que os cônjuges recorram aos seus modelos de origem – como sendo a única opção existente – e isso pode tornar ambos do casal infelizes por não saberem como agir de forma diferente da conhecida. Os sentimentos podem se confundir cada...