Sinfonia-fantástica.

Um episódio na vida de um artista: a Sinfonia fantástica e o Monodrama lírico
Hector Berlioz∗ (estreiada em Dezembro de 1830, em Paris)

Explicação
O seguinte programa deve ser distribuído àaudiência sempre que a Sinfonia Fantástica é executada dramaticamente e for seguida pelo monodrama lírico, que complementa e encerra o episódio na vida de um artista. Quando tal performance é promovida, aorquestra deve estar invisível e situada no paldo do teatro atrás das cortinas abaixadas.1 Quando a sinfonia é promovida sozinha, em concertos, essas diretrizes são suplérfluas e, sinceramente, adistribuição deste programa pode ser dispensada. Em tais casos é apenas necessário manter-se os títulos dos cinco movimentos. O compositor satisfaz-se com a esperança de que a sinfonia irá, por seuspróprios méritos e sem respeito a qualquer auxílio dramático, oferecer um interesse no sentido estritamente musical.

Programa da Sinfonia
Um jovem músico de uma natureza patologicamente sensível eprovido de uma viva imaginação embriagou-se com ópio em um repentino desespero amoroso. A dose narcótica ingerida era insuficiente para causar-lhe a morte, mas lançou-o em um longo e profundo sono,preenchido pelas mais extraordinárias visões. Nessa condição, suas sensações, seus sentimentos e memórias encontram expressão em seu cérebro doente, na forma de imagens musicais. Mesmo a sua amada toma a formade uma melodia em sua mente, como uma idéia fixa a qual sempre retorna e lhe soa em todo lugar.

1o movimento: visões e paixões
Inicialmente ele pensa na difícil e tensa condição de sua mente, nosdesejos sombrios, na depressão e na alegre excitação que não possuem causas aparentes,
∗ Tradução de Luis Felipe Oliveira, a partir da edição das sinfonias de Berlioz, Volume I, Edwin F. Kalmus, NovaIorque. Disponível em http://www.dlib.indiana.edu/variations/scores/bhs9470/large/index.html 1 Nota do autor: Para detalhes da montagem do palco veja a partitura de Lelio. (Nota do tradutor:...