Sobre El Narcisismo

V Jornada - I Simpósio
Campinas, S.P. Nov., 2004
Sonia Presa Caggiani Salzberg
Modalidade: Poster


NARCISISMO: CONCEITUAÇÕES

Narcisismo é um conceito psicanalítico complexo definido inicialmente por Freud (Naecke utilizou o termoem 1899) em relação à vida sexual dos indivíduos. Ele redefiniu o conceito ao longo de sua vida, sem deixar um conceito acabado. Em razão disto, psicanalistas de diferentes linhas continuaram elaborando-o, dando lugar a uma vasta literatura sobre o tema. Neste trabalho selecionamos autores que dão ênfase à influência do ambiente em que a criança se desenvolve, na construção de seu psiquismo.Segundo Freud existe um narcisismo primário e um secundário. O primeiro se da através do investimento libidinal do eu no início da vida, seguido de investimentos objetais. O segundo – narcisismo secundário ou narcisismo do eu – caracteriza-se pela retirada da libido dos objetos externos a qual volta para o eu, e que se manifesta de forma contundente nas psicoses. Por outro lado, Freud cunha otermo eu ideal ou ideal do eu (utiliza ambos termos indistintamente), “instância que o indivíduo construi para contrarrestar as interdições provenientes da educação limitadora”. Esse ideal introjetado o indivíduo compara com seu eu real (2).

Em 1976, André Green, citado por Elizabeth Roudinesco et al. (6), fez uma análise do conceito até essa data, destacando que os psicanalistas pós-freudianosdividiram-se em dois campos, conforme a sua posição respeito a autonomia do narcisismo. Na defesa de sua autonomia, Heinz Kohut, desenvolveu a corrente da psicologia do self. “Contrariamente, Melanine Klein postula a existência primordial de relações objetais e rejeita o narcisismo primário, considerando apenas estados narcísicos ligados ao retorno da libido para objetos internalizados”.Jacques Lacan, em artigo de1949, diz acreditar que o narcisismo originário se constitui no momento em que a criança capta sua imagem no espelho (6).

Segundo Roudinesco et al. (6), “a primeira geração psicanalítica fez da sexualidade a chave da elucidação das neuroses. A seguir, os kleinianos situaram o ódio e a destruição no centro das relações de objeto”. Por outro lado, Heinz Kohut, psicanalistaaustríaco naturalizado norte-americano, representante da terceira geração psicanalítica mundial, iniciou uma terceira via, a corrente da psicologia do self, fundada numa nova visão dos distúrbios narcísicos.

Kohut “recentrou a psicanálise em distúrbios ligados as representações e a identidade de si. Para Kohut, há um si (self) que se tornou objeto de todos os investimentos narcísicos. Estateoria do eu, acrescenta ao ego freudiano uma noção de self, não muito diferente à de falso self de Winnicott” (6). “Kohut constatou que muitos distúrbios psíquicos tinham como causa uma deficiência arcaica do self provocada pela presença de uma mãe não suficientemente amorosa”. Isto impedia que estes indivíduos tivessem uma relação autêntica com seus próximos. “Para mascarar seu vazioconstruíam uma armadura ou falso self de caráter defensivo. Estes sujeitos evidenciavam mal estar relacional e vulnerabilidade. Ora cediam a um excesso de arrogância, ora a um sentimento de inferioridade”. “Kohut introduziu os termos self grandioso e imago parental idealizada, para representar um imaginário exibicionista que tenta superar os ferimentos e humilhações antigamente infligidos ao si arcaico”,e explicita a importância de um narcisismo natural sadio. Kohut estendeu a análise do narcisismo a fenômenos coletivos ou self grupal, interessado nas relações doentias que ocorrem no trabalho (4).

É interessante destacar que Donald Woods Winnicott foi um membro destacado do Grupo dos Independentes, em relação à controversia entre freudianos e kleinianos. Esta nova linha trouxe a tona o...