O escafandro e a borboleta

Páginas: 78 (19467 palabras) Publicado: 3 de noviembre de 2011
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O ESCAFANDRO E A BORBOLETA
Jean-Dominique Bauby

Digitalização: Márcia – RJ (2008)

Esta obra foi publicada originalmente em francês com o título
LE SCAPHANDRE ET LE PAPILLON, por Robert Laffont, Paris, em 1997

1a edição
julho de 1997

Tradução
Ivone Castilho Benedetti

Revisão gráfica – Eliane Rodrigues de Abreu
Produção gráfica – Geraldo Alves
Paginação/Fotolitos –Studio 3 Desenvolvimento Editorial
Capa – Kátia Harumi Terasaka

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
___________________________________________________

Bauby, Jean-Dominique, 1952 –
O escafandro e a borboleta / Jean-Dominique Bauby :
Tradução Ivone Castilho Benedetti. – São Paulo : Martins Fontes. 1997.

Título original: Lêscaphandre et lê papillon.
ISBN 85-336-0651-6

1. Bauby, Jean-Dominique. 1952 – 2. Distúrbios cerebrovasculares -
Pacientes – Biografia I. Título

97-2597 CDD-920.961681

Índices para catálogo sistemático:
1. Acidentes vasculares cerebrais : Pacientes : Biografia 920.961681
2. Pacientes : Acidentes vasculares cerebrais : Biografia 920.961681

Todos os direitos para o Brasilreservados à
Livraria Martins Fontes Editora Ltda

Para Théophile e Celeste,
com os desejos de muitas borboletas.

Quero expressar minha
gratidão a Claude Mendibil,
cujo papel primordial na
realização deste livro será
compreendido por quantos
lerem suas páginas.

PRÓLOGO

Por trás da cortina de tecido rendado a claridade leitosa anuncia que a manhãzinha vem chegando. Meus calcanhares doem,minha cabeça é uma bigorna, e meu corpo está encerrado numa espécie de escafandro. Devagarinho, meu quarto vai saindo da penumbra. Olho detidamente as fotos dos entes queridos, os desenhos das crianças, os cartazes, o pequeno ciclista em folha-de-flandres, enviado por um amigo às vésperas da Paris-Roubaix, e a trave que coroa o leito onde me encontro incrustado há seis meses, como umBernardo-eremita em seu rochedo.

Não preciso pensar muito tempo para saber onde estou e lembrar que minha vida deu uma guinada no dia 8 de dezembro do ano passado, uma sexta-feira.

Até então, nunca tinha ouvido falar em tronco encefálico. Naquele dia descobri de chapa essa peça mestra do nosso computador de bordo, passagem obrigatória entre o encéfalo e as terminações nervosas, quando um acidentevascular cerebral pôs o tal tronco fora do circuito. Antes, davam a isso o nome de “congestão cerebral”, e a gente morria, pura e simplesmente. O progresso das técnicas de reanimação sofisticou a punição. Escapamos, mas “brindados” por aquilo que a medicina anglo-saxônica batizou com justiça de locked-in syndrome: paralisado dos pés à cabeça, o paciente fica trancado no interior de si mesmo com oespírito intato, tendo os batimentos de sua pálpebra esquerda como único meio de comunicação.

Evidentemente, o principal interessado é o último que fica a par desse indulto. Quanto a mim, tive direito a vinte dias de coma e a algumas semanas de brumas antes de perceber realmente a extensão dos estragos. Foi só no fim de janeiro que emergi de fato neste quarto 119 do Hospital de Berck, à beira-mar,onde penetram agora os primeiros clarões da aurora.

Vai ser uma manhã comum. Às sete horas, o carrilhão da capela recomeça a marcar a fuga do tempo, de quinze em quinze minutos. Depois da trégua da noite, meus brônquios obstruídos recomeçam a roncar ruidosamente. Crispadas sobre o lençol amarelo, minhas mãos me fazem sofrer, sem que eu consiga determinar se estão queimando ou enregeladas. Paracombater a ancilose, ponho em ação um movimento reflexo de estiramento que move braços e pernas em alguns milímetros. Isso às vezes basta para aliviar um membro dolorido.

O escafandro já não oprime tanto, e o espírito pode vaguear como borboleta. Há tanta coisa para fazer. Pode-se voar pelo espaço ou pelo tempo, partir para a Terra do Fogo ou para a corte do rei Midas.

Pode-se visitar a...
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