Amor

Sobre a televisão
Pierre Bourdieu

Sobre a televisão – Pierre Bourdieu

Parte I
O estúdio e seus bastidores

“A televisão tem uma espécie de monopólio de fato sobre a formação das cabeçasde uma parcela muito importante da população” (pg.23).

A frase citada acima justifica a análise feito por Bourdieu em seu discurso “Sobre a televisão”. O autor promeve uma discussão sobre o papel doveículo em nossa sociedade a partir da análise de uma possível instrumentalização e utilização do meio como produto, o que, segundo o autor, gerá perda de automonia e, consequentemente, deixa de serum veículo democrático.
Grande parte dessa crítica está relacionada ao fato de Bordieu não acreditar que haja espaço para grandes reflexões na televisão. Há, na verdade, espaço para exposição oucomo o autor classifica “espelho de Narciso”. Nesse sentido, o autor atribui uma espécie de “culpa” ao chamado índice de audiência, que como consequência nos trouxe a brevidade nos assuntos abordados,principalmente nos programas jornalísticos, no cenério atual televisivo. É através dos índices de audiência que a lógica comercial se impõe às produções culturais.
A grande questão é: Ao submeter-seà pressão comercial a TV pode "ocultar mostrando, mostrando uma coisa diferente do que seria preciso mostrar caso fizesse o que supostamente faz, isto é, informar; ou ainda mostrando o que é precisomostrar, mas de tal maneira que não é mostrado ou se torna insignificante, ou construindo-o de tal maneira que adquire um sentido que não corresponde absolutamente à realidade". (pg.24)
As aspas acimaexemplificam o que o autor chama de censura invisível. Para ele, a disposição de assuntos selecionados para aparecer em um veículo cuja importância está relacionada, principalmente, ao cunho popular,já é por si só uma censura. Isso porque não há otimização de pautas. As notícias de variedade(fato-ônibus) – principal alimento da imprensa, segundo autor- são apenas formas de distração, espécie...