Analise literária - o elogio da mentira
A pós-modernidade não tem limítrofe. Acabou-se com a partilha entre o concreto e o quimérico e a aparência está embutida na própria realidade descrita. Não se pode deixar de mencionar a fusão de vários estilos literários, uma vez que a pós-modernidade não busca ser coerente e sim autêntica. Essa autenticidade implica levantar problemáticas e questões levadas aos pontosfilosóficos.
A literatura pós-moderna busca, como ponto primordial, a autenticidade. Para isso, os autores tratam de retratar em suas obras as questões sociais (classes sociais, raças, política, economia, classe trabalhista), os traços psicológicos das personagens são aprofundados, objetivando o entendimento acerca do ser moderno. Em muitas obras se pode ver retrospectivas quanto ainvestigar raízes históricas e associar ficção e memória. Esse novo modernismo apresenta-se com revoluções tanto na prosa quanto na poesia. A inovação da realidade representada, que é ocasionada pelo acesso grandioso de informações e de acesso à mesma, permeia várias linhas narrativas. Exemplifica-o o romance da escritora Patricia Melo, que aqui será analisado.
Assumindo-se fiel seguidora deRubem Fonseca, Patrícia Melo produz uma literatura brutalista, isto é, demanda interminável pela objetividade (linguagem direta, fatos sem muitas entrelinhas, linha temporal linear ou retrocedente [dependendo dos feitos que se desenvolvem], personagens sem características envolventes). Essa mesma literatura descreve em forma de crítica a marginalização social que é provinda de processos históricos,rompidos até então. O miserável é aquele que comanda toda uma linha narrativa e dá voz às sucessões.
Em "O Elogio da Mentira", a astúcia dá bióloga Fúlvia desenvolve uma série de artimanhas que, além de elevar a voz da mulher até então marginalizada, mostra maledicências de forma totalmente objetiva e ilimitada.
Pós-modernidade Sintática e Textual
Em sua escrita, Patrícia Melo dápreferência a uma linguagem acessível e sem inversões sintáticas. Isto é, as orações são coloquialmente diretas. Seguem o padrão “sujeito + verbo + objeto.”
“Um dos assistentes de Fúlvia imobilizou a cobra, segurando-a com as duas mãos logo abaixo da cabeça”
MELO, Patrícia, O Elogio da Mentira, Editora Rocco, 2010, pág. 11
Suas palavras, diálogos e narrações entrecortadas revelam umacorreria pós-moderna que se adapta a feitos e cenas fragmentadas, como se fosse correspondência com a linguagem cinematográfica. Em “O Elogio da Mentira”, a narração em primeira pessoa está na voz do escritor José Guber, homem culto e que possui finalidade com a padronização da língua. Seu modo culto de expressar-se é conseqüência da profissão. É esse mais um recurso utilizado pela autora em um intentode divergir socialmente aqueles que têm maior acesso às letras.
Seus diálogos são caracterizados pela ausência de travessão, pela inclusão do discurso direto junto ao indireto. Outro ponto da leitura rápida e fundida na narração.
“Chega, eu disse. Você me seduz, e agora me abandona. Não estou abandonando, estou dizendo que não sou assassino. Covarde, ela disse, covarde, não se preocupe,...
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