Aristoteles
OBRAS COMPLETAS
RETÓRICA
Título: Retórica
2.ª edição, revista
Autor: Aristóteles Edição: Imprensa Nacional-Casa da Moeda Concepção gráfica: Branca Vilallonga (Departamento Editorial da INCM) Revisão do texto: Levi Condinho Tiragem: 800 exemplares Data de impressão: .evereiro de 2005 ISBN: 972-27-1377-9 Depósito legal: 221 943/05
OBRAS COMPLETAS DE ARISTÓTELESCOORDENAÇÃO DE ANTÓNIO PEDRO MESQUITA
VOLUME VIII TOMO I
Projecto promovido e coordenado pelo Centro de .ilosofia da Universidade de Lisboa em colaboração com o Centro de Estudos Clássicos da Universidade de Lisboa, o Instituto David Lopes de Estudos Árabes e Islâmicos e os Centros de Linguagem, Interpretação e .ilosofia e de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra. Esteprojecto foi subsidiado pela .undação para a Ciência e a Tecnologia.
ARISTÓTELES
RETÓRICA
Prefácio e introdução de MANUEL ALEXANDRE JÚNIOR Tradução e notas de MANUEL ALEXANDRE JÚNIOR, PAULO FARMHOUSE ALBERTO e ABEL DO NASCIMENTO PENA
(Centro de Estudos Clássicos da Universidade de Lisboa)
CENTRO DE FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA CENTRO DE FILOSOFIA DA UNIVERSIDADEDE LISBOA IMPRENSANACIONAL-CASA DA MOEDA IMPRENSA NACIONAL-CASA DA MOEDA
LISBOA LISBOA 2003 2005
PRE.ÁCIO
Nunca antes a retórica se estudou com tanto interesse e em áreas tão distintas do saber, como nunca antes se estudou o fenómeno retórico em contextos tão distantes do mundo que aparentemente o viu nascer. A recente obra de George Kennedy, Comparative Rhetoric, é disso um bom exemplo ao dissertar sobre aretórica não só em sociedades iletradas e sem escrita como os aborígenes da Austrália, os índios das Américas e outras sociedade tradicionais, mas também em sociedades letradas da Antiguidade que, para além da grega e da romana, floresceram tanto na Mesopotâmia, em Israel e no Egipto, como na China e na Índia. A retórica está na moda, e os temas que acto contínuo se abordam em colóquios e congressossão os mais diversos e surpreendentes, situando-se praticamente em todas as áreas do saber humano. Para muitos, a retórica pouco mais é do que mera manipulação linguística, ornato estilístico e discurso que se serve de artifícios irracionais e psicológicos, mais propícios à verbalização de discursos vazios de conteúdo do que à sustentada argumentação de princípios e valores que se nutrem de umraciocínio crítico válido e eficaz. Mas a restauração da retórica ao seu velho estatuto de teoria e prática da argumentação persuasiva como antiga e nova rainha das ciências humanas tem vindo a corrigir essa noção enganosa, revalorizando-a como ciência e arte que tão logicamente opera na heurística e na hermenêutica dos dados que faz intervir no discurso, como psicológica e eficazmente se cumpre noresultante efeito de convicção e mobilização para a acção. No fundo, a retórica é
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um saber que se inspira em múltiplos saberes e se põe ao serviço de todos os saberes. É um saber interdisciplinar no sentido pleno da palavra, na medida em que se afirmou como arte de pensar e arte de comunicar o pensamento. E como saber interdisciplinar e transdisciplinar, a retórica está presente no direito, nafilosofia, na oratória, na dialéctica, na literatura, na hermenêutica, na crítica literária e na ciência. A retórica é uma das artes práticas mais nobres, porque o seu exercício é uma parte essencial da mais básica de todas as funções humanas. Daí a especial atenção que Aristóteles lhe dedicou, corrigindo tendências sofísticas e codificando princípios metodológicos e técnicos que, com o evoluirda tradição, se haveriam de consagrar num cânone retórico de grande fortuna e proveito. Na retórica aristotélica nós encontramos o saber como teoria, o saber como arte e o saber como ciência; um saber teórico e um saber técnico, um saber artístico e um saber científico. No trânsito da antiga para a nova retórica, ela naturalmente transformou-se de arte da comunicação persuasiva em ciência...
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