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AS RAZÕES DO ILUMINISMO
Os ensaios recolhidos neste volume tentam refletir sobre três crises interligadas, que se manifestam hoje em dia no Brasil e no mundo, sob a forma de três rebeliões: contra a razão, contra á modernidadê^e contra a Ilustração. Nos três casos, o autor assume uma posição a contracorrente e propõe um resgate crítico do conceito de razão, do projeto damodernidade e do legado da Ilustração Resgate porque .sem a razão não podemos combater as forças que asfixiam a-vida; sem os instrumentos de análise gerados pela modernidade não podemos reagir contra as patologias da sociedade moderna, e sem os valores da Ilustração não podemos jtransformar1.o'',mundo nemcnar^cendjçpes-para uma liberdade concreta O resgate, contudo, será necessariamente crítico,pois não é possível ignorar os aspectos repressivos do raaonalismo clássico, as perversões da moderna civilização industrial e as mgenuidades e simplificações da época das Luzes Diante disso, o autor advoga um novo racionalismo, 'baseado em Freud e na teoria da ação comunicativa; realiza um confronto polêmico com a modernidade a partir da própria modernidade, rejeitando, portanto, todas asperspectivas pós-modernas, e reivindica á necessidade da reconstrução do
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SÉRGIO PAULO ROUANET
AS RAZÕES DO ILUMINISMO
5° reimpressão
Copyright © Sérgio Paulo Rouanet Capa: Ettore Bottini Revisão: Márcia Copola Jussara A, Dias Sylvia Corrêa
A meus filhos Marcelo Luiz Paulo Adriana
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)Rouanet, Sérgio Paulo, 1934As razões do iluminismo / Sérgio Paulo Rouanet. — São Paulo : Companhia das Letras, 1987. ISBN 85-85095-14-8 1. Filosofia moderna - Século 20 2. Ilustração (Movimento intelectual) 3. Irracionalismo (Filosofia) 4. Razão 5. Vida intelectual - Brasil i. Título. 87-0187 CDD-149.7 -001.10981 -121.3
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1. 2. 3. 4. 5. 6. índices para catálogo sistemático: Brasil : Vida intelectual 001.10981 Filosofia moderna : Século 20 190 Iluminismo : Filosofia 149.7 Irracionalismo : Filosofia 149.7 Razão : Epistemologia 121.3 Século 20 : Filosofia moderna 190
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1998
Todos os direitos desta ediçãoreservados à
EDITORA SCHWARCZ LTDA.
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tivo da segunda etapa. De novo, só podemos fazê-lo, de modo não arbitrário, se recorrermos à Ilustração. Partiríamos do seu acervo normativo e o corrigiríamos à luz de fatos e tendências posteriores. Assim, o novo Iluminismo proclama sua crença no pluralismo e na tolerância e combate todos os fanatismos, sabendo que eles não se originam da manipulaçãoconsciente do clero e dos tiranos, como julgava a Ilustração, e sim da ação de mecanismos sociais e psíquicos muito mais profundos. Revive a crença no progresso, mas o dissocia de toda filosofia da história, que o concebe como uma tendência linear e automática, e passa a vê-lo como algo de contingente, probabilístico e dependente da ação consciente do homem. O único progresso humanamente relevante é oque contribui de fato para o bem-estar de todos, e os automatismos do crescimento econômico não bastam para assegurá-lo. O. progresso, nesse sentido, não é uma doação espontânea da técnica, mas uma construção intencional, pela qual os homens decidem o que deve ser produzido, como e para quem, evitando ao máximo os custos sociais e ecológicos de uma industrialização selvagem. Esse progresso nãopode depender nem de decisões empresariais isoladas nem das diretrizes burocráticas de um Estado centralizador, e sim de impulsos emanados da própria so32
ciedade. O Iluminismo mantém sua fé na ciência, mas sabe que ela precisa ser controlada socialmente e que a pesquisa precisa obedecer a fins e valores estabelecidos por consenso, para que ela não se converta numa força cega, a serviço da...
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