Auditoria
As Asserções e a Obtenção de Prova em Auditoria – O ciclo das vendas e dívidas a receber
Encontramos já nas NTRA1 (Normas Técnicas de Revisão/Auditoria) da OROC a informação que suporta, no essencial, a figura que a seguir reproduzimos2.
1 O termo auditoria abrange neste trabalho quer o conceito de revisão quer o conceito de auditoria, tal como expressos pelos nomativos da OROC,pese embora maioritariamente vocacionado para aquele. Por outro lado, revisão/auditoria aparece neste trabalho sempre que em causa estiver a passagem - na integralidade ou por adequação - da expressão encontrada no mesmo conjunto de normativos; 2 Parte da informação terá sido complementada (pela maior amplitude) com preceitos contidos nas ISA, adequadamente mencionadas.
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Figura 1: Do planeamento à emissão da opinião
Fonte: IFAC (2007) e OROC (2008). Elaboração própria.
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Tal representação conduz-nos à conclusão de que o tema objectodeste trabalho conforma-se indubitavelmente com o processo global de auditoria, entendimento que de seguida sintetizamos: Em auditoria, a recolha de provas3 exerce um duplo papel: por um lado, o de validar (ou não) as asserções contidas nas DF (Demonstrações Financeiras), conduzindo assim ao objectivo final dos trabalhos de uma auditoria, que é a expressão de uma opinião por parte do auditor; poroutro, o de salvaguarda dos trabalhos realizados por este profissional, sendo certo que a sua
opinião apenas foi possível (ou não) a partir das provas recolhidas no decurso do seu trabalho; Não sendo, portanto, a recolha de provas um fim em si, trata-se do fio condutor dos trabalhos de auditoria, e sem o qual aquele objectivo não será concretizado4. Não resistimos, ainda, a transcrever a afirmaçãocontida noutra passagem das NTRA, pela forma clara e breve com que corrobora as ideias atrás expressas:
3 O termo prova é, aqui, preferido ao termo evidência, uma vez que o primeiro, no léxico português, significa “tudo o que mostra a veracidade de uma proposição ou a realidade de um facto”3, ao passo que o segundo diz respeito à “qualidade de evidente; noção clara; certeza manifesta”3. Assim,entendemos que prova denota com maior precisão a ideia de substância material ou existência física de uma coisa, em sentido lato, enquanto evidência expressa uma ideia de abstracção, de adjectivação da coisa em si (a prova) ou de sua qualidade. Contudo, por vezes faremos menção a este último termo, em detrimento de prova, sempre que tal denominação seja assim utilizada por outros autores,devidamente referenciados; 4 A corroborar a afirmação anterior está o facto de que a inexistência, ocultação ou significativa insuficiência de matéria de apreciação, materializa-se na assinatura, pelo auditor, de uma declaração de impossibilidade de certificação (a este propósito leia-se o nº 4 do art.º 44 do EOROC e ainda o ponto 2.1. do presente trabalho).
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A segurança proporcionada pelo revisor/auditor, relativamente à credibilidade das asserções contidas na informação financeira, assenta na sua satisfação quanto à evidência recolhida em resultado dos procedimentos adoptados. No que à doutrina diz respeito, encontramos em Hayes et al (2005,11)5 o entendimento segundo o qual o objectivo básico da recolha de provas, e o que estas podem provar, são, fundamentalmente, as asserções da gestão. Complementando tal ideia, Arens et al (2006, 145)6 referem ainda que: As asserções estão directamente relacionadas com os princípios contabilísticos geralmente aceites7. Tais asserções são parte do critério que a gestão utiliza para registar e...
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