Bahia De Todas As Ialodês: Patrimônio Imaterial Na Luta Contra O Racismo

Páginas: 20 (4896 palabras) Publicado: 3 de diciembre de 2012
Bahia de todas as ialodês: patrimônio imaterial na luta contra o racismo

Resumo:
O presente ensaio é resultado da convivência que tive com as sambadeiras do Recôncavo Baiano, na ocasião da pesquisa sobre a influência que a proclamação do Samba de Roda o Patrimônio Nacional Brasileiro exerce na vida diária de seus produtores e suas produtoras. Antes de ser um trabalho acadêmico ou relatório depesquisa, é homenagem às minhas informantes, que melhor podem ser definidas com o uso da antiga conceituação ioruba trazida por Jurema Wareck – as Ialodês.
Ao prestar tributo às feministas do samba, busco mostrar a possibilidade de articulação da agenda feminista com a agenda do patrimônio imaterial e com o movimento anti-racista e apresentar possíveis benefícios advindos dessa cooperação.Partindo do caráter subalterno comum a sujeitos e objetos em voga, tento provar o direito das feministas negras para o uso do crescente reconhecimento do patrimônio imaterial em prol das reivindicações próprias, visando nisso uma oportunidade para a luta que há séculos tem sido repleta de obstáculos e desafios.
Por fim, utilizo o exemplo das sambadeiras do Recôncavo, suas atividades e ativismo dedentro e fora da roda, para mostrar como é possível unir diversas agendas, bem como mediar linguagens e conhecimentos aparentemente opostos.


Bahia de todas as ialodês: patrimônio imaterial na luta contra o racismo



Ahora que poseo el secreto, podría enunciarlo de cien modos contradictorios. No sé muy bien cómo decirle que el secreto es precioso y que ahora la ciencia,nuestra ciencia, me parece una mera frivolidad. (...) El secreto, por lo demás, no vale lo que valen los caminos que me condujeron a él. Esos caminos hay que andarlos.
El etnógrafo
J.L. Borges





Introdução

Esse ensaio é resultado da convivência que tive com as sambadeiras do Recôncavo Baiano, na ocasião da pesquisa sobre a influência da proclamação do Samba de Roda o Patrimônio NacionalBrasileiro na vida diária de seus produtores e suas produtoras. Logo nos primeiros contatos feitos, as sambadeiras chamaram minha atenção pelo papel que desempenhavam nas comunidades; pelo orgulho com qual narravam suas tradições e pela postura que tomavam frente aos problemas sociais, tais como: discriminação racial, pobreza, gravidez na adolescência, violência. Sem bem saber o destino domaterial coletado, decidi ouvir mais depoimentos dessas mulheres encantadoras e andar caminhos por elas andados, como se pressentisse que esses poderiam me levar à revelação do segredo.

As presentes páginas são, antes de tudo, uma homenagem às minhas informantes, usando a linguagem instrumentalizante da academia ocidental, ou superando essa “mera frivolidad”, às contadoras da história do povo negro edas estórias de suas mulheres, ou ainda, usando a conceituação trazida por Jurema Wareck (2005) que parece a mais acertada, às Ialodês.

Bebendo na fonte das análises da autora, entendo esse termo de origem ioruba como: mulheres emblemáticas, líderes sociais e agentes políticos de câmbios que falam em nome das mulheres e toda comunidade; portadoras e defensoras das riquezas imateriais;integradoras de grupos que buscam melhoria das condições materiais de vida daqueles que representam.

Para esses e essas que decidirem percorrer esse caminho comigo, mostrarei o lado Ialodê das sambadeiras do Recôncavo. Cada passo dado, uma personagem, uma ação, enfim, um exemplo vai riscar um dos atributos da lista definidora do termo até que entendamos a idéia do feminismo da praxe.

Ao prestartributo às feministas do samba, buscarei mostrar a possibilidade da articulação da agenda feminista com a agenda do patrimônio imaterial e com o movimento anti-racista e apresentar possíveis benefícios advindos dessa cooperação. Partindo do caráter subalterno comum a sujeitos e objetos em voga, tentarei provar o direito das feministas negras para o uso do crescente reconhecimento do patrimônio...
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