Caminando H.D.Thorau

Desobediência civil & outros escritos
Henry Thoreau
Caminhando
El descanso de los Elefantes


Desejo me pronunciar a favor da Natureza, a favor da mais absoluta liberdade e do estado mais absolutamente selvagem. Quero defender o homem como um habitante, uma parte e uma parcela da Natureza e não como membro da sociedade.
Em toda minha vida não conheci mais do que uma ou duas pessoas comcapacidade de compreender a arte de Caminhar Santerrear Essa expressão e belissimamente derivada “das pessoas ociosas que vagavam por todos os lados durante a Idade Média e pediam esmolas, sob o pretexto de estarem a caminho da Sainte Terre” “Lá vai um sainte-terrer”. Os que nunca se dirigem à Terra Santa em suas caminhadas, como eles, são de fato meros ociosos e vagabundos, mas os que chegam lásão os santerreadores no bom sentido que empresto à palavra. Outros, no entanto, preferem derivar a expressão de sans terre, significará no bom sentido, não ter uma casa em particular, mas também estar em casa, em qualquer lugar. Pois é esse o segredo de um bom santerreador. O maior errante entre todos os homens pode ser exatamente o que fica sentado o dia inteiro dentro de casa, mas o santerreador,não e mais errante do que um rio, que em todo seu percurso procura sem parar o caminho mais curto até o mar.
Mas, é verdade, somos cruzados tímidos hoje em dia. Nossas expedições são pouco mais que passeios. Metade da caminhada nada mais é do que retornar pela mesma trilha. Mesmo nas mais curtas de nossas andanças, deveríamos avançar talvez no mais elevado espírito de aventura, dispostos anunca retornar, decididos a enviar de volta nada mais do que nossos corações embalsamados – relíquias para o povo de nossos reinos desolados. Se você esta pronto a abandonar pai e mãe, e irmão e Irma, e esposa e filhos e amigos, a nunca mais vê-los – se você saldou suas dívidas, e fez seu testamento, e resolveu todos os seus compromissos, e é um homem livre – aí então você esta pronto pra umacaminhada.
No que toca à minha experiência, nos deliciamos ao imaginar que somos cavaleiros de uma nova ordem “a dos Caminhantes” uma classe certamente ainda mais antiga e honrada. O espírito de nobreza e heroísmo que em certa época foi virtude do Cavaleiro parece agora residir – ou talvez tenha se sedimentado no Caminhante, “Caminhante Errante”.É uma espécie de quarto estado, distinto da Igreja, doEstado e do Povo.
Eu e meu parceiro temos nos sentido praticamente solitários na prática dessa nobre arte aqui em nossa terra. Não há riqueza capaz de comprar o lazer, a liberdade e a independência necessários a essa profissão; seu capital nada mais é do que essas mesmas qualidades. Elas só podem vir da graça de Deus. É preciso uma ordenaça direta do Céu pra ser um caminhante.
Não há duvida de quepor alguns instantes se elevaram, como se lembrassem vagamente de um momento remoto de suas existências, quando até mesmo eles eram homens da floresta e sem leis.
Não me sinto capaz de conservar a saúde e o bom estado do espírito se não passo pelo menos quatro horas por dia “santerreando” a través das florestas e por cima de morros e campos, absolutamente livre de qualquer compromisso mundanoMas acho que a escama cairá no tempo certo - e a formula natural será encontrada na proporção que a noite guarda com o dia, o inverno com o verão, a reflexão com a experiência. Haverá bem mais ar e luz solar em nossas mentes. As mãos calejadas do trabalhador são mais sensíveis aos tecidos mais finos do auto-respeito e do heroísmo – cujo tato faz bater o coração - do que os dedos lânguidos daociosidade. Quem gosta de dormir de dia, de se imaginar a própria pureza, de evitar a cor e os calos da experiência, nada mais é do que sentimental.
Prefiro esquecer prazerosamente todas as minhas atividades matinais e todos os meus compromissos com a sociedade na minha caminhada da tarde. Mas às vezes ocorre que não é tão fácil assim me desvencilhar da cidade. A lembrança de alguma tarefa me...