Caravelas E Naus

1500: partindo do Tejo
"Mais do que prometia a força humana/ entre gente remota edificaram/Novo Reino que tanto sublimaram" - Camões - Os lusíadas, 1572
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|Lisboa com vista para o rio Tejo |


Desde que se mudara do Palácio de Alcáçova para o Paço da Beira, o rei D.Manoel assumira pessoalmente a supervisão da construção dosbarcos, ainda que isso fosse um tormento para ele e para os seus devido a barulheira que faziam o mestre-carpinteiro e seus auxiliares. O Paço estava por assim dizer ao pé da gente da Ribeira das Naus, ogrande estaleiro português do Rio Tejo, onde havia mais de século anônimos vulcanos forjavam no fole e no braço a conquista do Mar Tenebroso Do despontar do sol ao entardecer não paravam com o seuofício.

Ao mesmo tempo em que as embarcações eram erguidas, a passagem dos 1500 anos do cristianismo reforçou o desejo de Sua Majestade imortalizar a sua dinastia lançando-se também na construção doMosteiro dos Jerônimos. Seria um imenso edifício com uma fachada de 300 metros à entrada de Lisboa, que serviria de panteão aos Avis. O dinheiro para ambos, para as naus e para o monumento, vinha daVintena da Pimenta, receita do comércio africano e de sobras do tráfico oriental. Chamaram-no de rei "Venturoso", e não sem razão.
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|A armada partindo para o Oceano |


A agitação febril mais recente, atiçada pelas ferramentas dos ferreiros, fundidores e tanoeiros, quesacudia os estaleiros, resultara do bom sucesso da viagem de Vasco da Gama que há pouco retornara das Índias em 10 de julho de 1499 com os porões carregados de essências orientais que renderam umdinheirão (estimam em 60 vezes o valor gasto na viagem). Escancarara-se o caminho do Oriente para os navegadores lusos. Não podia haver perda de tempo. Uma nova carreira, desta vez bem mais numerosa do...