Cinema Documental

Páginas: 23 (5709 palabras) Publicado: 27 de octubre de 2011
Homem de Aran

1) Introdução

Foi escolhido para a análise o filme etnográfico feito por Flaherty em 1934. Tomaremos como balizamento teórico os principais autores lidos durante o curso que nos permitem pensar a imagem no cinema. Para tanto, como propõe Sorlin[1], consideraremos o filme não como uma extensão direta do pensamento do autor, nem como um mero reflexo da estrutura social –ao contrário, a obra de arte deve ser vista como uma dimensão dessa ordem, um dos elementos que a constitui, segundo Adorno[2]. Devemos encarar o filme em sua mise-en-scène como uma estratégia social de representação do que é visível para uma sociedade: uma ordenação legível da imagem (SORLIN, 1977). O termo representação foi usado tal como o autor, ainda que possa ser problematizado seu uso, poisenvolve uma distinção entre a coisa e objeto representado, uma não identificação, e no cinema a “verossimilhança” é essencial para a construção de sentido.
Nessa direção, Merleau-Ponty afirma que “a forma percebida na realidade jamais é perfeita; há sempre falta de nitidez, expletividade e a impressão de um excesso de matéria. O entrecho cinematográfico tem, por assim dizer, um cerne maiscompacto do que o da vida real, decorre num mundo mais exato do que o mundo real”[3]. Essa estratégia que decorre num mundo mais exato, nos remete imediatamente a Simmel[4], ao afirmar que quando nas cidades grandes as pessoas são submetidas a um número intenso de estímulos nervosos, selecionam os dados e os simplificam – quantificando-os – e dirigem sua atenção às particularidades e especificidades –qualitativos – dos eventos que lhes interessam. Esse interesse no filme está constituído.
Temos, no entanto, que a imagem não é dotada de organicidade e funcionalidade dadas, pré-existentes (FRANCASTEL, 1983, p.166). Ela é alusiva não à realidade – distanciamento ou identidade – mas tem referência na cultura, segundo Francastel[5], e ainda: a própria dimensão do espaço e do tempo no filmedepende das relações sociais[6]. Idéia também presente em Sorlin[7]. Daí que o cinema se utiliza de um alfabeto ou uma linguagem com a qual dá significado à imagem fílmica. A ênfase dada a esses termos destaca o caráter social das idéias das imagens. Como afirma Sorlin, a percepção é um ato social, captura o que é visível: “o registro técnico dos dados sensíveis exteriores não define o que penetraráno campo perceptivo”[8].
Esse caminho nos leva a um ponto de partida: analisar as imagens enquanto socialmente construídas, identificar quais os conceitos que o filme fornece para que o pensemos de certo modo. E, aponta Merleau-Ponty[9], quais os elementos que formam essa percepção.
Prosseguiremos numa análise interna da obra no que é socialmente constituída e do conteúdo social da formade suas imagens. Num método delineado por Sorlin (1977, p.155), faremos um breve estudo da decupagem – com um valor aproximativo e não exaustivo – que nos permite entrever algo como o inconsciente ótico fílmico[10]. Esse estudo não deve ser realizado imagem por imagem, mas tomadas as imagens na sua relação de sentido com o todo: os três autores acima citados ressaltam essa característica no filme.2) Homem de Aran: o filme.

O letreiro de abertura localiza imediatamente o espectador: as Ilhas de Aran, na Irlanda Ocidental (o que, de resto, não é tão longe assim da Inglaterra, ou seja, da “civilização”). Essa possível proximidade é prontamente afastada quando as ilhas nos são apresentadas como: restos de pedras, pequenas, sem árvores e sem solo. Não obstante, para tornar oambiente ainda mais inóspito: durante as tormentas de inverno são praticamente tragadas pelo mar. Textualmente, nos é fornecida a idéia de um meio hostil, reafirmado pelo letreiro seguinte: um meio desesperador (desperate enviroment). Apesar de todas as adversidades naturais para a vida humana, e esse registro é um dos motes do filme, o Homem de Aran luta por sua existência – como dito nos intertítulos...
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