Contributo Dos Oratorianos

4. O contributo dos oratorianos para o desenvolvimento da cultura científica portuguesa
2.4.1. Teodoro de Almeida e o ensino da Física Experimental
2.4.2. João Chevalier e os estudos de Astronomia

 

2.4.      O contributo dos oratorianos para o desenvolvimento da cultura científica portuguesa

2.4.1.         Teodoro de Almeida e o ensino da Física Experimental

Aactividade de alguns membros da Congregação do Oratório constituiu um contributo de relevo para a renovação da mentalidade pedagógica portuguesa, que se adivinhava ainda na primeira metade do século XVIII em Portugal. Entre estes, merece destaque especial o Pe. João Baptista (Setúbal, 11.7.1705 — baptismo — Monção, 7.4.1761), que foi, sem dúvida, um inovador em Portugal do ensino da FísicaExperimental. Declarado anti-escolástico tentou reconstruir o pensamento aristotélico genuíno, conservando-se tradicional na lógica. Na sua obra Philosophia Aristotélica restituta et illustrata qua experimentis qua raciniis nuper inventis, publicada em Lisboa no ano de 1748, deixava transparecer na Física uma aproximação em relação aos modernos, tendo publicado nesta matéria apenas o tomo que versava aFísica Geral. Numa carta de João Baptista a Francisco Xavier de Mendonça Furtado, datada de 13 de Abril de 1753,[1] [1] era referido o facto que no Verão anterior o oratoriano abrira na Casa de Alcântara um curso de Filosofia Experimental, o qual teve a duração de cinco meses, tendo sido frequentado pela maior e melhor parte da Corte. Tratava-se na realidade de uma série de conferências, das quais seconservaram alguns textos. Os ouvintes destas conferências eram adultos, fidalgos e gente da Corte. Também o Rei D. João V, acompanhado dos Infantes, assistiu em duas tardes antes da sua abertura a algumas experiências mais notáveis. No Verão seguinte estava previsto a repetição do mesmo Curso Filosofico o qual deveria ser presidido por Teodoro de Almeida (Lisboa, 1722 — Lisboa 18.4.1804),ficando transcritas as suas conferências, tendo a primeira o título Orasam que recitou na primeira Conferência da Física Experimental na Caza de N.ª S.ª das Necessidades em 1753.[2] [2] Para além das conferências de 1753 existem notícias de outras ocorridas em 1756, cuja primeira lição teve por título Orasam que proferiu no princípio das conferencias de Filosofia do ano de 1756.[3] [3] Para estasconferências dispunha-se de um “magnífico Gabinete de Física Experimental” que fora doado por D. João V, que pagou também a edição dos dois volumes da Philosophia Aristotélica restituta. Este gabinete de Física foi equipado com as mais preciosas maquinas mandadas vir de França e de Inglaterra, cujo número aumentou muito com preciosas maquinas, seu filho D. José I.[4] [4] Na carta que João Baptistadirigiu a Xavier de Mendonça dava notícia da falta de huma o outra maquina, por algum acidente.[5] [5] Recordando o seu mestre, Teodoro de Almeida referiu-se ao início das conferências de Filosofia Experimental, como um acontecimento que a sua grande formusura se descobrio aqui o anno pasado, e foi a primeira vês que neste Reino apareceo em publico.

Tal como foi salientado por A. Banha deAndrade, a actividade pedagógica e científica dos oratorianos, durante a década de cinquenta, correspondeu, na verdade, a uma nova era. Teodoro de Almeida substituíra com vantagem João Baptista. Com efeito a segunda fase de modificação pedagógica caracterizou-se por um maior avanço, provocado pela reacção que então se verificou em relação às ideias do antecessor.[6] [6] Na Vida do P. Theodoro deAlmeida, da Congregação do Oratório de Lisboa... o autor referia que «já nesse tempo se achava o Hospício das Necessidades provido de varios instrumentos, parte pela benemerencia do Augusto Monarca que havia fundado aquella Caza, parte do seu incomparavel Filho e parte à custa da mesma Congregação. O gabinete em que estes instrumentos se guardavão, era o theatro delicioso onde o P. Theodoro...