Democratização Do Acesso Ao Livro

III Encontro ULEPICC-Br
Título do trabalho: Democratização do acesso ao livro: um confronto entre o digital como agente de universalização e o comunitário como agente de inclusão[1]
Identificação do GT: GT1 - Políticas de comunicação
Autor: Raffaele Enrico Calandro[2]
Instituição de origem: Grupo de Pesquisa em Políticas e Economia política da Informação e da Comunicação da Escola deComunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Resumo:
Entre final do século XX e início do século XXI, a articulação entre o advento de tecnologias digitais e as mudanças políticas e econômicas no sistema capitalista colaboraram para o surgimentos de novos formatos de bibliotecas. Consequentemente, foram desenvolvidas teorias para explicar esses novos fenômenos. No que tange a questão dademocratização do acesso ao livro pode-se destacar dois modelos distintos de bibliotecas, cada um sustentado por um arcabouço teórico. O objetivo desse trabalho é contrapor essas visões distintas e analisar as possibilidades de democratização do acesso ao livro em dois meios, o digital como um meio universalizante de extensão dos acervos e o meio comunitário como uma função de inclusão e interaçãosocial.

Palavras-chaves (3 a 5): democratização, biblioteca digital, biblioteca comunitária


Introdução
Aqui irei apresentar um estudo sobre as possibilidades de democratização do acesso ao livro nas bibliotecas digitais e comunitárias. Partindo de trabalhos já realizados, irei mostrar como esses universos se articulam de modos diferentes para garantir um maior acesso ao livro. Aqui utilizoconceitos como democratização e direito, mas como irei exemplificar mais a frente, não gostaria de tratá-los como normalmente são estabelecidos, dentro de uma relação entre Estados e cidadãos. E no que tange as bibliotecas digitais e comunitárias partirei da analise crítica de trabalhos alheios para desenvolver um pensamento sobre esses objetos e sobre sua função na difusão dos livros.
Certamente oconceito de direito está muito relacionado a uma vivência do cidadão dentro do Estado, um pensamento desenvolvido a partir das obras de Thomas Hobbes e John Locke. Assim leva-se em conta o Estado surgindo a partir da necessidade do homem de garantir os seus direitos fundamentais à vida, à liberdade e à propriedade. Atualmente esse são vistos como os direitos civis e segundo José Murilo deCarvalho juntos com os direitos políticos – “de fazer demonstrações políticas, de organizar partidos, de votar, de ser votado” – garantem a existência de um cidadão completo. (2001, p. 9)
Essa linha de raciocínio, coloca o Estado como garantidor dos direitos, sendo o governo legitimado pela vontade dos cidadães de se submeterem ao poder estatal em troca da garantia de seus diritos civis, e posterior como advento da democracia, também os políticos. Porém a parir da primeira metade do século XX com o auge do Estado-Providência surge uma nova composição dos direitos humanos, Murilo Ramos os chama de direitos sociais “o direito ao trabalho, à assistência, ao estudo, à tutela da saúde, liberdade da miséria e do medo”. (2005, p. 245) É vista como uma terceira geração de direitos, a primeira e asegunda geração seriam respectivamente os direitos civis e políticos. (RAMOS, 2005, p. 245-246)
Segundo Ramos “a comunicação é portadora de um novo direito social, o direito à comunicação, que podemos considerar de 'quarta geração'” (2005, p. 245 – Grifo do autor) Os direitos sociais, de terceira geração, são bem recentes no seu entendimento e conceituação, o discernimento a respeito deles conta commenos de um século de história. E analisando sua aplicação de fato, pode-se disser, com algumas raras exerções, que estamos longe de garantir a todos o direito ao trabalho, saúde, educação e liberdade da miséria.
Não é de se espantar então, quando Ramos diz que o direito à comunicação, apesar da vontade de alguns, está longe de ser estabelecido de forma definitiva (2005, p. 247-248). E com o...