Desenvolvimento Infantil Em Contexto De Desastre

INTRODUÇÃO

Diante da realidade que a nós se impõe, não só as belezas naturais de nosso estado chamam atenção. Temos nos surpreendido, também, e cada vez mais, com acontecimentos ambientais de tamanha força e violência, que nos desacomodam da sensação de controle sobre a vida que a rotina traz.
No dia 24 de março de 1974¹ um acontecimento marcou a historia da cidade Tubarão e a colocou nosnoticiários nacionais. Uma enchente sem precedentes assolou a cidade e colocou tudo que a vista alcançava em baixo d`água. Segundo relatos dos moradores que acompanharam o fato já chovia na cidade a mais de uma semana e o rio estava cheio. As pessoas acompanhavam o volume de água subindo nas ruas no dia 23. A rádio Tuba não noticiava o que acontecia rio acima por recomendação da prefeitura para nãocausar pânico na população, todos esperavam que a água baixasse e tudo voltasse ao normal.
No curso do rio desde sua nascente se anunciava um acontecimento, chovia em todas as cidades que margeavam o rio, e o volume de água já não cabia em seus meandros e margens. Durante o dia a água estava subindo em um ritmo que os moradores podiam acompanhar, por isso muitas pessoas cometeram o erro depermanecer em casa na madrugada do dia 24, e nesse momento uma enxurrada de água desceu a Serra do Rio do Rastro onde o rio nasce e foi se juntando a toda água que encontrava no seu curso, por fim arrastou todas as construções humanas e formações da natureza da região. Calcula-se que a velocidade da água no momento em que atingiu a cidade fosse mais ou menos 150Km/h. Quando a água encontrou as pontesda cidade, encontrou uma barreira e destruiu suas bases, mas a água se distribuiu em novos cursos no meio das casas.
Todos os moradores que deixaram suas casas antes do alagamento total da cidade se refugiaram em poucas regiões do território que eram mais altas. Muitas casas viraram abrigos improvisados enquanto a água não baixava seu volume. Durante 3 dias a água permaneceu ocupando a cidade e aspessoas tiveram que encontrar maneiras diversas de sobreviver àquela situação. Depois que água baixou, a cidade iniciou sua limpeza e outros abrigos foram estabelecidos para aqueles que perderam tudo o que tinham com suas casas. O governo subsidiou a construção de novas casas e estabelecimentos comerciais, assim como a reconstrução da rede de saneamento básico, estradas, escolas, postos de saúde,e outros prédios públicos. A cidade recebeu muitas doações internacionais e fomento do governo para sua reconstrução. A partir desse fato foi reinventada e muitas famílias enriqueceram, outras faliram, muitas continuaram na mesma, mas a dinâmica da cidade mudou e o fato ficou registrado na lembrança de todos que o viveram.
Os números oficiais de mortes não chegam perto do real, atá porque quandouma cidade é lavada do mapa, os corpos são detalhes insignificantes, muitos deles nunca foram encontrados e como famílias inteiras morreram muitos deles sequer foram reclamados. Os relatos dos moradores próximos ao cemitério central da cidade denunciam que depois da primeira semana que as águas baixaram uma vala comum foi cavada por máquinas e muitos corpos de animais e pessoas foram jogados eenterrados lá. O risco de epidemias que poderiam surgir com corpos em decomposição espalhados era eminente e as autoridades não tinham mais tempo para identificar as vítimas.
Até hoje a população mantém o fato no seu cotidiano, toda vez que chove uma semana seguida e o rio enche, as pessoas começam a discutir o que farão se a enchente chegar. Nas escolas as crianças recebem orientações dos pontosmais altos e seguros da cidade aos quais devem se dirigir se a água subir. A catedral da cidade, que não foi atingida pela água e que foi o ponto de resgate e de doações, torna-se referência de refúgio novamente. Para que a água siga o curso do rio sem desvios a comunidade vai à beira do rio exigir que as pontes mais baixas sejam dinamitadas. Nas escolas este é o fato histórico mais contado e...