Design y delirio
Resumo Este artigo pretende analisar as diversas representações do corpo em sua passagem da Modernidade (Pós Revolução Industrial) à Contemporaneidade, na medida em que o capitalismo o apropria como objeto de saber e poder, utilizando as tecnologias dainformação, como dispositivos de controle, para a formatação das subjetividades e para o estabelecimento de novos modelos de corpos. Palavras-chave – Corpo; Tecnologia; Subjetividade; Capitalismo;
O século XXI é cenário de uma série de transformações decorrentes dos novos valores instaurados nas sociedades Ocidentais. A tecnologia com base na informação transformou nosso modo de pensar, produzir,consumir, comunicar. Alterou nosso modo de viver. Presenciamos mudanças tanto no plano das realidades sócio-políticoeconômicas quanto nos modos de subjetivação, que parecem indicar transformações no que se constituiu como solo para o nosso corpo.
A forma como a realidade político-econômica de uma sociedade afeta a subjetividade e o mundo psíquico dos indivíduos se dá, fundamentalmente, por meioda valorização de modelos de pensamento, da propagação de determinados repertórios de conduta, da criação e difusão de ideais que se incorporam ao senso comum para o estabelecimento de verdades que dão consistência ao imaginário de uma época. É o objeto que abriga esse imaginário, essa subjetividade, que se apropria o capitalismo, por meio da tecnologia: o corpo. O controle da sociedade sobre osindivíduos sempre começou pelo corpo. Foi no somático, no corporal que, antes de tudo, investiu a sociedade capitalista. O corpo é o lugar privilegiado da subjetividade e se caracteriza como conjunto de possibilidades interligadas: como as experiências de prazer ilimitado, as práticas estéticas – resultante da união entre beleza e saúde -, a ‘limpeza social’ - com referência
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Trabalhoapresentado ao NP 08– Tecnologias da Informação e da Comunicação, do IV Encontro dos Núcleos de Pesquisa da Intercom, Porto Alegre, 2004. 2 Renata Rezende é Professora Substituta do Curso de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Federal do Espírito Santo e aluna do Programa de Pós-Graduação (mestrado) da Universidade Federal Fluminense (UFF).
aos genes, órgãos e células do organismo -, o‘marketing’ das partes do corpo, o esvaziamento da política, a inflação da publicidade e o novo vocabulário disseminado pela mídia, que tem como principal temática a tecnociência e a informação. As relações sociais baseadas na economia capitalista uniram diferentes tecnologias para a moldagem desses corpos e de suas subjetividades. O investimento permanente em tais ferramentas provocou discursosdiversos, frutos de negociações entre “saberes, poderes e prazeres”.
Na contemporaneidade, a questão não se trata apenas de formatar o corpo, mas de tematizá-lo, criando discursos para a construção de vínculos que possam legitimá-lo, com a intenção de desenvolver uma outra subjetividade: a do prazer associado ao consumo para a criação de um “corpo perfeito”.
O corpo e suas relações capitalistas deconsumo, associadas às tecnologias, produziram e continuam produzindo discursos para o desenvolvimento da história, não como simples narrativa dos acontecimentos, mas como produção de uma realidade biopolítica, porque tanto o corpo-máquina da modernidade, representado por um corpo molestado e sofrido, quanto o corpo-perfeito da contemporaneidade, representado pelo corpo “sarado” e sensual, sãodiscursos de ordenamento da eficiência, que se apresentam como discursos sobre as necessidades humanas e suas satisfações. Discursos que reorganizam o espaço social sob a ordem do consumo no sistema industrial, tecnológico e de informação, como promessa de felicidade.
Se considerarmos que o capitalismo, desenvolvido nos fins do século XVIII e no início do século XIX, socializou um primeiro...
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