dualidade da estrutura

Giddens
Teoria da estruturação
Giddens tentou combinar, no seio da teoria da estruturação, uma dupla sociologia das estruturas sociais e da acção.
O conceito de estruturação visa, em primeiro lugar, fazer-nos apreender as estruturas sociais sob o ângulo do movimento. Assim, para Giddens, a estruturação é um processo de relações sociais que se estruturam no tempo e no espaço através dadualidade do estrutural. Esta noção de dualidade estrutural pode ser expressa de diferentes maneiras. Assim, por um lado, as propriedades estruturais dos sistemas sociais são simultaneamente condições e resultado das actividades realizadas pelos agentes que fazem parte desses sistemas. Nesta visão da construção do mundo social, as suas dimensões estruturantes estão ao mesmo tempo situadas antes da acção,enquanto condições desta e, depois da acção como produtos dela. Estes aspectos estruturantes, através dos quais o investigador tenta apreender aquilo em que as relações sociais se estabilizam no tempo e no espaço, distinguem-se, pois, da acção humana situada “aqui e agora”, mas, ao mesmo tempo eles não existem fora da acção presente. O estrutural é, um instrumento abstracto fabricado pelosociólogo afim de apreender aquilo que, estabilizado, não se inventa em cada nova interacção, contudo, este não tem uma realidade empiricamente apreensível a não ser quando é actualizado na acção e na interacção. Mas a noção de dualidade estrutural pode ser vista sob um outro ponto de vista. Giddens diz que o estrutural é simultaneamente constrangedor e capacitante, ou seja, Giddens remete conjuntamentepara as noções de “constrangimento” e de “competência”. Deste modo, para Giddens, a língua, por exemplo, tanto constrange como possibilita, ou seja, a aprendizagem da nossa língua materna constrange as nossas capacidades de expressão e por isso limita as nossas possibilidades de conhecimento e de acção mas, simultaneamente, confere-nos uma aptidão que torna possível todo um conjunto de acções e detrocas.
A competência dos actores:
A teoria da estruturação é parte integrante de uma sociologia da acção e, apresenta-nos actores sociais competentes. A competência é tudo o que os actores conhecem (ou em que crêem), de forma tácita ou discursiva, sobre as circunstâncias da sua acção e da dos outros, que utilizam na produção e na reprodução da acção. Esta competência realça uma capacidadereflexiva dos actores humanos, constantemente empenhada no fluxo das condutas quotidianas, isto é, eles são capazes de compreender aquilo que fazem enquanto o fazem. Mas esta reflexividade só funciona parcialmente ao nível discursivo. Com efeito, no âmbito da competência humana, Giddens é levado a distinguir a consciência discursiva e a consciência prática. A consciência discursiva remete para tudo oque os actores podem exprimir de forma verbal, ou seja, aquilo a que vulgarmente se reduz a noção de consciência. Por seu lado, a consciência prática visa tudo o que os actores conhecem de forma tácita, tudo o que sabem fazer na vida social sem que o possam exprimir directamente de forma discursiva. Deve-se acrescentar, também, que esta noção está estritamente ligada à de rotina. As fronteirasentre estas duas modalidades da competência são inconstantes e mutáveis. Em contrapartida, Giddens observa que, em referência à teoria psicanalítica de Freud, existem barreiras, nomeadamente o refluxo entre a consciência discursiva e o inconsciente, incluindo o inconsciente as formas de cognição ou de impulso que estão totalmente recalcadas, ou que só aprecem na consciência depois de sofrerem umprocesso de deformação. O inconsciente constitui, segundo Giddens, um dos limites da competência dos actores humanos. A consideração da competência humana conduz Giddens a encarar de maneira menos rígida, as relações entre o conhecimento comum e o conhecimento erudito do mundo social. Para este não existe nenhuma linha de demarcação clara que separe os actores “vulgares” dos especialistas, quando...