Edição Baraka

Com uma montagem muito bem intencionada, o filme Baraka é dividido em pequenos “curtas” dentro de uma narrativa maior, todas essas sequências são finalizadas com um apelo da trilha sonora até ocompleto silêncio. No primeiro momento, e edição se preocupa com mostrar longos planos com cenários naturais até um plano bem fechado de um macaco. Este plano se deixa levar por 2 minutos e contemplamos orosto do macaco acompanhado da trilha sonora que nos permite meditar com a sintonia da natureza exibida. Mais tarde, esse mesmo plano do macaco fará uma ligação entre “irracionalidade” e“racionalidade” a outro plano de um monge que grita angustiado (não ouvimos o grito). Esse momento indicará uma quebra da narrativa no filme.

O filme tratará o conjunto, várias religiões, vários continentes,vários cenários naturais onde o próprio espectador faz parte desse mundo, desse universo humano, independente do lugar que viva ou de sua religião. Esse conjunto será quebrado com planos de pessoas olhandopara a câmera onde o individual aparecerá. A seção “natureza e religião” do início do filme é quebrada com o aviso da trilha sonora e um plano de uma árvore caindo na floresta e, logo após, o planoem zoom in de um índio olhando diretamente para a câmera e um plano de uma explosão. A junção desses 3 planos transmitem ao índio uma sensação de angústia, desespero e tristeza no olhar. Os planos comcrianças olhando para a câmera nas favelas, aprisionadas dentro das grades das janelas contrastando com as crianças correndo nas ruas.

De modo geral, o filme todo busca o contraste: desde ocontraste entre o conjunto (mostrando as diferentes religiões, tribos, continentes) e o individual quando abusa dos planos fechados de pessoas olhando para a câmera. Contraste também pela natureza/urbano,comportamento animal/comportamento humano, antigo/novo e espiritual/tecnológico. Não há nenhuma narração nem letreiros no filme. A edição tem

poder por toda a narrativa e, sem ela, o filme não...