Estudante
Espírito do Capitalismo
Max Weber
(1864-1920)
“Die Protestantische Ethik Und Der Geits des
Kapitalismus”. In: Archiv für Sozialwissenschaft
und Sozialpolitik . – Tübinger, 1904/5. Vols.: XX e
XXI.
Max Weber
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Sumário
Introdução do autor
I
Filiação religiosa e estratificação social
II
O espírito do capitalismoIII
A concepção de vocação de Lutero
IV
Fundamento religioso do ascetismo laico
A) O Calvinismo
B) O Pietismo
C) O Metodismo
D) As Seitas Batistas
V
O ascetismo e o espírito do capitalismo
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A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo
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Introdução do autor
Ao estudarmos qualquer problema da história universal, o produto da modernacivilização
européia estará sujeito à indagação de quais combinações de circunstâncias se pode atribuir
o fato de na civilização ocidental, e só nela, terem aparecido fenômenos culturais que,
como queremos crer, apresentam uma linha de desenvolvimento de significado e valor
universais.
Apenas no Ocidente existe uma ciência num estágio de desenvolvimento que
reconhecemos, hoje, como válido.O conhecimento empírico, as reflexões sobre o universo
e a vida, a sabedoria filosófica e teológica das mais profundas não estão aqui confinadas,
embora no caso desta última o pleno desenvolvimento da teologia sistemática deva ser
creditado ao cristianismo sob a influência do helenismo, uma vez que dela houve apenas
fragmentos no islamismo e numas poucas seitas hindus. Em poucas palavras,conhecimento
e observação de grande finura sempre existiram em toda parte, principalmente na índia, na
China, na Babilônia e no Egito. Mas à astronomia da Babilônia e às demais faltavam – o
que torna seu desenvolvimento mais assombroso – as bases matemáticas recebidas
primeiramente dos gregos. A geometria hindu não tinha provas racionais, que foram outro
produto do intelecto grego, criador tambémda mecânica e da física. As ciências naturais da
índia, embora de todo desenvolvidas sobre a observação, careciam de método de
experimentação o que foi, longe de seus alvores na Antiguidade, um produto
essencialmente do Renascimento, assim como o moderno laboratório. A medicina,
especialmente na índia, embora altamente desenvolvida quanto às técnicas empíricas,
carecia de fundamentosbiológicos e particularmente bioquímicos. Uma química racional
tem estado ausente de todas as áreas dá cultura que não a ocidental.
A erudição histórica chinesa, altamente desenvolvida, não possuía o método de Tucídides.
É verdade que Maquiavel teve predecessores na índia; mas todo o pensamento político da
índia carecia de um método sistematizado como o de Aristóteles e, de fato, de conceitosracionais. Nem todas as antecipações da índia (Escola de Mimamsa), nem as extensas
codificações, especialmente no Oriente Próximo, nem todos os livros de leis da índia e de
outros lugares possuíam formas estritamente sistemáticas de pensamento, tão essenciais a
uma jurisprudência racional como a lei romana e o direito ocidental por ela influenciado.
Uma estrutura como o cânone jurídico é conhecidaapenas no Ocidente.
A mesma observação é válida no tocante às artes. O ouvido musical dos outros povos era,
provavelmente, de sensibilidade até mais desenvolvida do que o nosso; e certamente não o
era menos. A música polifônica de diversos tipos era amplamente distribuída sobre o
planeta. Diversos instrumentos tocando em conjunto, assim como o canto de partes da
música, existiram em toda parte.Todos os nossos intervalos racionais de tons eram
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Max Weber
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conhecidos e calculados. Mas a música de harmonia racional tanto o contraponto quanto a
harmonia , a formação do tom básico sobre três tríades com o terceiro harmônico; nossa
cromática e enarmônica, não interpretadas em termos de espaço mas, desde o
Renascimento, em termos...
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