Expecidión Killis Ecuador

ECUADOR 2009-2010
DUAS EXPEDIÇÕES AOS Rivulus DA SELVA PRIMÁRIA AMAZÓNICA

Alberto Reis (APK-05)

"O Mundo de cada um é os olhos que tem" (José Saramago)

Em Outubro de 2009, após uma conferência que eu proferi na área da minha especialidade no norte do Chile (Antofagasta), foi abordado por um professor universitário equatoriano que me convidou para proferir a chamada Palestra Solene (deAbertura) dum Congresso internacional sobre energia que seria organizado no ano seguinte nos arredores de Quito, capital do Ecuador. Aceitei esta honra sem pestanejar. Pensei logo na possibilidade de aproveitar a viagem de trabalho numa expedição estimulante e excitante à selva. Afinal, trata-se de satisfazer sonhos antigos a preços bem mais baixos do que pagaria por uma expedição de raíz. Fiz omeu trabalho de casa tipo “rato de biblioteca” de forma a ter o maior número de dados quanto possível, e com a maior antecedência possível. Para minha surpresa, encontrei pouca informação, muito dispersa e às vezes algo contraditória. Mas já lá iremos. Confirmei que o nº de espécies de killies descritas até à data é muito baixo para o Ecuador, o que surpreende dada a reputada grande biodiversidadedo país (a maior do mundo por área ocupada). Pensei que o motivo para essa falta de espécies de killies seria um número muito restrito de expedições no passado. Nada mais falso. Após vários meses de pesquisa cheguei à conclusão que a minha expedição seria a...12ª!
Então porquê é que não existem Rivulus do Ecuador no hobby? Porque têm pouca tolerância a desvios na qualidade da água, põem poucosovos e na sua maioria degradam-se por dois motivos: por tudo e por nada. Nada comparável à facilidade de outros Rivulus bem conhecidos no hobby. O crescimento é também muito lento e o sex-ratio não ajuda nada...enfim, peixes para verdadeiros especialistas. Pelo menos os peixes selvagens que capturei. Mas é tema para a conclusão do artigo. Já lá iremos.
Voltemos à expedição propriamente dita. Dasvárias pesquisas que fiz segui um rasto do forum killie-talk. Tratava-se de Joseph (Joe) Bulterman, antigo presidente da AKA. Constatei que tinha efectuado uma expedição em 2002. Na verdade, a última expedição aos killies equatorianos que foi registada. Indicou, a meu pedido, o nome de um guia de confiança e os seus contactos. Assim fez. Recomendou-me Wilson Barahona, profundo conhecedor da selvaequatoriana na zona de Puyo, a oeste, e de Coca, um pouco mais a norte. Aliás, ele nasceu e cresceu em Puyo, e tratava (e trata) toda aquela região por tu, selva incluída. Telefonei e acertei pormenores da viagem com ele. No dia combinado, pela madrugada, lá apareceu no meu hotel com uma pick-up já não muito nova e muito amolgada. De Quito até Puyo há uma distância de 300 Km, mas a estrada nãoconvidava a grandes velocidades. O meu guia previa um tempo aproximado de 6 horas para a deslocação. Mas gastámos algo mais porque a carrinha avariou durante o caminho e houve necessidade de paragem no mecânico. A viagem foi variada, primeiro, a zona dos Andes, relativamente fria, com altitudes entre os 3000 e os 3800m e vegetação temperada de altitude. Ao longe vulcões nevados com cumes queultrapassavam os 6000 m de altitude (Cotopaxi, Pichincha). Depois altitudes intermédias e vegetação temperada. Aqui havia cinzas e escórias ainda quentes e fumegantes, duma erução vulcânica recente. Abaixo dos 1200 m, selva! Floresta primária e densa, água por todo o lado, flores, muita vida. Seguimos o curso mais baixo do Rio Pastaza, um afluente do Amazonas que se alargava e espraiava pelo mato. Uma daspaisagens mais belas da minha vida...Ainda visitámos centros de recuperação de fauna silvestre. Fomos surpreendidos por uma belíssima e violenta tempestade tropical, parecendo que o céu nos caía em cima. Tão cedo apareceu, tão cedo se foi...Ao fim de poucos minutos, o sol voltou a brilhar e tudo secou como por efeito de magia. A presença de nuvens e de sol geralmente encoberto foi uma constante e...