Fichas Lenin

FICHAMENTO:
LENIN, Vladimir Ilitch. O Estado e a Revolução: O que ensina o Marxismo sobre o Estado e o papel do proletariado na revolução. 2ª ed. São Paulo: Expressão Popular, 2010. Capítulo I (As Classes Sociais e o Estado; p. 25-41) e Capítulo III (O Estado e a Revolução – A Experiência da Comuna de Paris (1871) – Análise de Marx; p. 57-76).


Vladimir Ilitch Ulianov, adotando depoiso nome Lenin, foi um importante estadista e líder da Revolução Russa de 1917, dada sua importância sendo um dos personagens históricos de maior influência do século XX. Nascido em Simbirsk, na data de 22 de Abril de 1870 e falecendo em 21 de Janeiro de 1924, na cidade de Gorki.
Sua vida teve grandes traumas e confrontos políticos, como a morte de seu irmão, Alexandre Ulianov, executado porforças czaristas de Alexandre III, e também sua prisão por difundir as idéias marxistas, levando-o a cumprir pena na Sibéria. Após, porém libertado, começa seu movimento político, iniciado na Suíça como líder do Partido Bolchevique, que fora de grande importância para a organização partidária e a propagação do pensamento marxista em oposição ao czarismo na Rússia, culminando na Revolução Russa emOutubro de 1917.
Nas vésperas da revolução, aproximadamente entre agosto e setembro de 1917, Lenin escreve O Estado e a Revolução, na tentativa de restabelecer a doutrina marxista tão difamada pelos anarquistas, a social-democracia e outros autores de sua época que serão chamados de oportunistas pelo autor.


I – As Classes Sociais e o Estado
1. O Estado é um produto do antagonismoinconciliável das classes

Lenin inicia o livro com uma crítica a situação do marxismo em sua época, comparando-o com os grandes revolucionários que foram sempre perseguidos e sua doutrina difamada pela classe dominante, e após mortos canonizados em ídolos inofensivos para consolo da classe oprimida, eliminando a essência do pensamento revolucionário por eles defendida.
Sobre tais circunstâncias,o autor vem com o intuito de restituir a verdadeira doutrina de Marx sobre o Estado, fazendo ao longo dos capítulos, diversas citações das obras de Engels (Friedrich Engels – 1820-1895) e Marx (Karl Heinrich Marx – 1818-1883), para evidenciar a adulteração do pensamento destes pelos oportunistas, principalmente por Kautsky (Karl Kautsky – 1854-1938) e Bernstein (Eduard Bernstein – 1850-1932), etornar acessível a “pura” doutrina marxiana.
Começa citando a obra de Engels: A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, em que evidencia que:

O Estado não é (...) uma força imposta, do exterior, à sociedade. (...) É um produto da sociedade numa certa fase do seu desenvolvimento. É a confição de que essa sociedade se embaraçou numa insolúvel contradição interna,se dividiu em antagonismos inconciliáveis de que não pode desvencilhar-se. Mas, para que essas classes antagônicas, (...) não se entredevorassem e não devorassem a sociedade numa luta estéril, sentiu-se a necessidade de uma força que se colocasse aparentemente acima da sociedade, com o fim de atenuar o conflito nos limites da “ordem”. Essa força, que sai da sociedade, (...) é o Estado. (ENGELSapud LENIN, op. Cit., p.26-27).


Com este trecho destaca uma das idéias fundamentais do marxismo, onde o “Estado é o produto e a manifestação do antagonismo inconciliável das classes” (p. 27), logo, sua existência prova a impossibilidade de conciliação, como querem acreditar a classe burguesa, obscurecendo que o Estado é um órgão de dominação, legitimação e consolidação da classe dominante,amenizando o conflito das classes, através de seu uso exclusivo da violência para que seja mantido, assim, o status quo.
Sendo então, o Estado, um produto da não conciliabilidade de classes e uma força projetada pela sociedade, a libertação da classe oprimida só será através de “uma revolução violenta e da supressão do aparelho governamental criado pela classe dominante” (p. 28), conclusão...