Forclusão

Em Através de um Espelho, muitos de nós rapidamente fizemos uma hipótese diagnóstica em Karin, qual seria, psicose.

Lendo um seminário de Jacques-Alain Miller no Brasil, do livro Lacan Elucidado,na palestra intitulada A Psicose, o psicanalista nos alerta para algo indispensável no diagnóstico psicanalítico desta estrutura: a certeza. “É buscar a certeza do paciente que está alhures, umelemento do diagnóstico das psicoses.”

Ele continua afirmando que regrar-se a partir dessa ideia evita confundir histeria e psicose. Este elemento de certeza que tem o paciente, tanto da entrada numaoutra fase de sua existência, quanto de que suas alucinações estão no real, se diferencia por completo do estilo da histeria. “Não posso imaginar que há loucura quando uma histérica vem me ver comsentimento de realidade modificado, porque ela não sabe mais se está em vigília ou em sonho: há muitas ideias fantasísticas passando-lhe pela cabeça.”

Quanto mais incerteza de que está em sonho ou emvigília, mais afastada ficaria a possibilidade de psicose verdadeira, que se caracteriza pela certeza do paciente e não pela ideia de que o mundo gira em torno dele, de que desconhece seu lugar e de quetenta se identificar com o mundo para se fixar. Este não é o estilo da psicose.

Ao ver o filme, pude anotar algumas falas que nos fazem repensar essa hipótese, alguns trechos e comentários meus, aseguir:



Ninguém me disse ao certo.

Mas acho que Deus

se revelará para nós.

A questão está presente nesta fala, não “acha-se” que Deus se revelará, ele simplesmente se revela.Será Ele que virá até o quarto...

através daquela porta.

A questão da dúvida não seria algo mais neurótico?



-isso não é real para mim (diz o irmão)

-É, sim!

Uma Entidade desce damontanha.

Ele anda pela mata escura.

Há bestas selvagens

na escuridão silenciosa.

Deve ser real.

A personagem põe em questão o seu “delírio”



-Isso tudo é real?

-Eu não...