Graduada

escola
Na
Fotografia e História
Professor, este suplemento foi elaborado com o objetivo de ajudá-lo a trabalhar o
conteúdo dos artigos da Revista de História da Biblioteca Nacional em sala de aula. Pretende contribuir para se pensar, de forma estimulante e criativa, a construção do conhecimento histórico, a questão das identidades e a historicidade de temas transversais e
de conteúdosabordados nos livros didáticos.
Proposta

Nesta ocasião, recuperamos o artigo “Sem perder a pose”, [RHBN nº 7, janeiro de 2006,
pp. 77-81] e o especial “Retrato em branco e preto” [RHBN nº 30, março de 2008,
pp.80-85] para analisar os chamados “álbuns de família”, principal forma de produção e
divulgação das fotografias na sociedade imperial.
Quando oferecer esta aula

Os artigos abordam aconstrução da autoimagem da classe senhorial branca e o uso que
os libertos faziam da fotografia, como meio de driblar os estigmas da escravidão. Sugerimos
situar a presente proposta após o conteúdo sobre a abolição do tráfico de escravos (1850)
e a legislação que restringia o cativeiro no Brasil (Lei do Ventre Livre em 1871, Lei dos

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estimula a discussão sobre o lugar que ocupavam os libertos e os homens livres de cor no
contexto da transição para o trabalho livre.

Abordagem conceitual

No Império, a fotografia cumpria a importante função de mostrar o pertencimento a um
grupo familiar. Era utilizada para projetar o poder das elites,ostentando seus
hábitos refinados, riqueza, educação erudita e círculo de amizades. Por outro lado, a
mesma tecnologia funcionava como um passaporte para a ascensão dos libertos, representando o desejo de reconhecimento de sua cidadania. Uma diferença que ajuda a
refletir sobre a questão racial. Para ingressar nessa sociedade, o liberto precisava “parecer
branco”, adotando o comportamento do grupodominante, presente em expressões,
roupas e mobiliário dos álbuns de famílias negras. Este fato remete à concepção difundida
no Brasil de que, para ser negro, o indivíduo precisa parecer negro. A mestiçagem não
é condição suficiente para conformar a identidade negra entre nós, ao contrário, por
exemplo, dos Estados Unidos.

A fotografia nos artigos

“Sem perder a pose” [RHBN nº 7, janeirode 2006] e “Álbum de família” [RHBN nº 30,
março de 2008] nos mostram o valor da fotografia para as elites. Predominam os
retratos de celebrações especiais, como casamentos, noivados, formaturas e comunhões.
A mudança de estado civil propiciada pelo matrimônio era frequentemente registrada.
Uma forma de comunicar a posição dos cônjuges e os laços sociais que uniam famílias
ricas etradicionais. A exibição de poder incluía a escolha do fotógrafo, algum entre os
mais renomados da Corte, como Joaquim Insley Pacheco ou J. F. Guimarães, distinguido
pelo valor de seus serviços e pelos prêmios acumulados nas exposições universais. Outro
recurso visual que realçava o prestígio era a presença recorrente de empregados e
dependentes pessoais, como a governanta francesa que figura no primeirodos dois
artigos [RHBN nº 7, p. 79].
“O valor da aparência” [RHBN nº 30, março de 2008] nos mostra como os negros
alforriados e seus filhos recorriam à fotografia. Ser cidadão em uma sociedade que
baseava a identidade dos indivíduos na ascendência e na cor significava romper com as
amarras do passado. O semblante sóbrio, a economia de gestos, a roupa ornamentada, o
mobiliário cênico não eramsimples imitações do comportamento da elite. Comunicavam
visualmente a condição de cidadão, reforçando a certeza de um futuro promissor. Por
meio da fotografia, os forros afastavam os estigmas da escravidão. As roupas e o recorte
seletivo das lentes ocultavam marcas de castigos, açoites e ferros, que dificultavam o
acesso de ex-escravos às posições sociais de destaque, apesar da conquista da...