Guimarães Capital Europeia Da Cultura - Território E Territoriedades

Guimaraes Capital Europeia da Cultura 2012
Território e Territorialidades
Este trabalho insere-se no âmbito da disciplina de Teoria e Prática da Paisagem, onde se procura com um pequeno ensaio discernir acerca dos pressupostos da realização de um evento mediático e de âmbito internacional – como é a Capital Europeia da Cultura e de que modo o mesmo se constitui como impactante nas políticasurbanas de gestão territorial, tomando como exemplo o caso concreto da cidade de Guimarães em 2012.

Guimaraes Capital Europeia da Cultura 2012
Território e Territorialidades
Disciplina: Teoria e Prática da Paisagem Trabalho realizado por: João Azevedo – nº 4414 Janeiro de 2013

Índice
Capítulo 1 – Das territorialidades à conceção identitária do espaço social. Pag. 4 Capítulo 2 – As políticasculturais e a (re) qualificação urbana. Pag. 19 Capítulo 3 – Guimarães – o antes e o depois do CEC 2012 Capítulo 4 – Considerações finais. Capítulo 5 – Bibliografia. Pag. 28 Pag. 36 Pag. 39

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Guimarães Capital Europeia da Cultura 2012

Compreende-se que nem toda a gente perceba com evidência a realidade da Europa, porque a Europa não é uma“coisa”, mas um equilíbrio… Segredo grande e paradoxal, sem dúvida! Porque o equilíbrio ou balança de poderes é uma realidade que consiste essencialmente na existência da pluralidade. Se esta pluralidade se perdesse, aquela unidade dinâmica esvanecer-se-ia. Europa é com efeito, um enxame: muitas abelhas e um só voo.
Ortega y Gasset, (1989) - A Rebelião das Massas

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Capítulo 1 – Dasterritorialidades à conceção identitária do espaço social.
As Sociedades Humanas desde sempre que procuram que a sua constituição e existência seja duradoura no espaço e no tempo, através de um conjunto de comportamentos comuns, a cultura, expressa nas apropriações simbólicas de ideias, valores, normas e comportamentos. Podemos aliás referir que as sociedades humanas estruturam-se, desenvolvem-se e mantêm-se,pela manutenção do equilíbrio entre as dimensões cultural (ideias e valores), social (ações e interações) e material (património construído), no seu todo como nas suas partes, a partir de valores básicos e para valores básicos (Alves, 2004).

F IGURA 1 - A R ODA DA CULTURA NA S OCIEDADE (R OSENGREN , 2000)

A dinâmica do sistema cultural expresso na figura anterior representa a cultura,enquanto princípio de toda a ação social, de acordo com a definição de Ralph Linton (1945) para cultura vista como a: “configuração de comportamento aprendido e resultados de comportamento cujos elementos componentes são partilhados e transmitidos pelos membros de uma sociedade particular”. Então esta transmissão de elementos de apropriação identitários é algo que se materializa no espaço ondedeterminada sociedade se implementa, num processo histórico e dialético. O seu significado intrínseco remete para as questões de espaço e para as relações de poder exercidas sobre este, independentemente da natureza, social, económica, geográfica ou outra (Johnston e Araújo, 2002) e nessa perspetiva, entende-se que o valor endógeno de um determinado território é resultado, da articulação do potencialisolado dos seus recursos conjugados com a dinâmica de poderes e relacionamentos e dos fenómenos de rede, capazes de potenciarem o conhecimento impulsionado pelos atores territoriais. De facto, o termo território surgiu com uma conotação dupla, ao mesmo tempo material e simbólica, uma vez que etimologicamente surge próximo da já referida derivação latina terra-territorium assim como da

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derivação terreo-territor (terror, aterrorizar), relacionado com dominação (jurídico-política) da terra e com a gerar terror, medo – numa perspetiva de dominação (Haesbaert, 2004). A visão atual de território não o considera como algo apriorístico, mas antes como um recurso específico, resultado de um processo (coletivo) de construção histórica e cultural...