Isto Não É Um Cachimbo - Michel Foucault

Páginas: 46 (11450 palabras) Publicado: 15 de febrero de 2013
ISTO NÃO É UM

CACHIMBO

MICHEL FOUCAULT

ISTO NÃO É UM CACHIMBO


Autor: Michel Foucault Título: Isto não é um cachimbo Título Original: Ceci n'est pas uue pipe Tradução: Jorge Coli Data de digitalização: 2004 Primeira edição impressa: 1973

Esta obra foi compilada, formatada, revisada e liberta das excludentes convenções mercantis pelo Coletivo Sabotagem. Ela não possui direitosautorais pode e deve ser reproduzida no todo ou em parte, além de ser liberada a sua distribuição, preservando seu conteúdo e o nome do autor. 2

ISTO NÃO É UM CACHIMBO

Sumário

I. Eis dois cachimbos........................................................................... 04
II. O caligrama desfeito .......................................................................06
III. Klee,Kandinski, Magritte ............................................................. 14
IV. O surdo trabalho das palavras ....................................................... 17
V. Os sete selos da afirmação ............................................................. 21
VI.Pintar não é afirmar ....................................................................... 27
VII. Duas cartas.................................................................................. 28

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ISTO NÃO É UM CACHIMBO

I Eis dois cachimbos

Primeira versão, a de 1926, eu creio: um cachimbo desenhado com cuidado e, em cima (escrita a mão, com uma caligrafia regular, caprichada, artificial, caligrafia de convento, como é possível encontrar servindo de modelo no alto dos cadernos escolares, ou numquadro-negro, depois de uma lição de coisas), esta menção: "Isto não é um cachimbo". A outra versão – suponho que a última –, pode-se encontrá-la na Alvorada nos antípodas. Mesmo cachimbo, mesmo enunciado, mesma caligrafia. Mas em vez de se encontrarem justapostos num espaço indiferente, sem limite nem especificação, o texto e a figura estão colocados no interior de uma moldura; ela própria está pousadasobre um cavalete, e este, por sua vez, sobre as tábuas bem visíveis do assoalho. Em cima, um cachimbo exatamente igual ao que se encontra desenhado no quadro, mas muito maior. A primeira versão só desconcerta pela sua simplicidade. A segunda multiplica visivelmente as incertezas voluntárias. A moldura, de pé, apoiada contra o cavalete e repousando sobre as cavilhas de madeira, indica que se tratado quadro de um pintor: obra acabada, exposta, e trazendo, para um eventual espectador, o enunciado que a comenta ou explica. E, no entanto, esta escrita ingênua que não é exatamente nem o título da obra nem um de seus elementos picturais, a ausência de qualquer outro indício, que marcaria a presença do pintor, a rusticidade do conjunto, as largas tábuas do assoalho -tudo isso faz pensar noquadro-negro de uma sala de aula: talvez, uma esfregadela de pano logo apagará o desenho e o texto; talvez, ainda, apagará um ou outro apenas para corrigir o "erro" (desenhar alguma coisa que não será realmente um cachimbo, ou escrever uma frase afirmando que se trata mesmo de um cachimbo). Malfeito provisório (um "mal-escrito", como quem diria um mal-entendido) que um gesto vai dissipar numa poeirabranca? Mas isto é ainda apenas a menor das incertezas. Eis outras: há dois cachimbos. Não seria necessário dizer, em vez disso: dois desenhos de um mesmo cachimbo? Ou ainda um cachimbo e seu desenho, ou ainda dois desenhos representando cada um deles um cachimbo, ou ainda dois desenhos dos quais um representa um cachimbo mas o outro não, ou ainda dois desenhos que, nem um nem outro são ourepresentam cachimbos, ou ainda um desenho representando não um cachimbo, mas um outro desenho que, ele, representa um cachimbo, de tal forma que sou obrigado a perguntar: a que se refere a frase escrita no quadro ? 4

ISTO NÃO É UM CACHIMBO

Ao desenho, debaixo do qual ela se encontra imediatamente colocada? “Vejam esses traços agrupados sobre o quadro-negro; por mais que possam se assemelhar, sem a...
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