La Republica De Platao
A REPÚBLICA
Tradução de Enrico Corvisieri
Fundador
VICTOR CIVITA
(1907 - 1990)
Editora Nova Cultural Ltda.,
uma divisão do Círculo do Livro Ltda.
Edição Integral
Título Original: flAATQNOZ rIOAOTEIA
Copyright © 1997 Circulo do Lívro Ltda.
Tradução: Enrico Corvisieri
Direitos exclusivos sobre a tradução deste volume,
Editora Nova Cultural Ltda., São Paulo
Impressão eacabamento: Gráfica Círculo
ISBN 85-351-1004-6
LIVRO 1
SÓCRATES — Fui ontem ao Pireu com Glauco, filho de
Arfston, para orar à deusa’ e também para me certificar de
como seria a festividade, que eles promoviam pela primeira
vez. A procissão dos atenienses foi bastante agradável, embora
não me parecesse superior à realizada pelos trácios. Após termos
orado e admirado a cerimônia,estávamos regressando à cidade
quando, no caminho, fomos vistos a distância por Polemarco,
filho de Céfalo. Ele mandou seu jovem escravo correr até nós,
para nos pedir que o esperássemos. O servo puxou-me pela
capa, por trás, dizendo:
— Polemarco pede que o esperem.
Virei-me e indaguei onde seu amo se encontrava.
— Está vindo atrás de mim — respondeu o jovem. —
Esperem-no.
— Evidente que oesperaremos — declarou Glauco.
Polemarco chegou poucos minutos depois, juntamente com
Adimanto, irmão de Glauco, com Nicerato, filho de Nícias, e
com outros que regressavam da procissao.
Polemarco — Sócrates, parece-me que estás indo embora
para a cidade.
Sócrates — Tua suposição está correta.
Polemarco — Estás vendo quantos somos?
Sócrates — Sim, estou vendo.
Polemarco — Então, se nãofordes mais fortes que nós,
tereis de permanecer aqui.
1 certmente trata-se da deusa B~ndis, cujo culto os trácios levaram à Álica.
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A REPUBucA
PLATAO
Sócrates — Existe a possibilidade de convencer-vos a permitir que partamos?
Polemarco — Será que conseguireis convencer-nos, se não
quisermos ouvir?
Glauco — De forma alguma.
Polemarco — Saibais então que não vos ouviremos.
Nessemomento Adimanto perguntou:
— Desconheceis que esta noite haverá uma corrida com
archotes, a cavalo, em honra da deusa?
Sócrates — A cavalo?! Significa que os contendores passam
os archotes uns aos outros enquanto correm com seus cavalos?
Polemarco — Sim. E haverá também uma festividade noturna digna de ser vista. Iremos assistir a essa festa depois de
havermos jantado. Muitos jovens estarãolá, e poderemos conversar com eles. Ficai para irdes conosco.
Glauco — Não há dúvidas de que teremos de ficar.
Sócrates — Se julgas assim, é o que faremos.
Dirigimo-nos à casa de Polemarco, onde encontramos
seus irmãos Lísias e Eutidemo, e também Trasímaco de Calcedônia, Carmantides de Penéia e Clitofonte, filho de Aristónimo. Havia também o pai de Polemarco, Céfalo. E este se
me afiguroubastante idoso, pois não me encontrava com ele
havia bastante tempo. Estava acomodado numa cadeira com
almofadas e envergava uma coroa na cabeça, pois tinha oferecido um sacrifício no pátio da moradia. Nos sentamos todos
em cadeiras junto dele.
Céfalo — Tu vens raramente ao Pireu, Sócrates, para nos
visitar. Devias vir mais vezes. Se eu fosse suficientemente forte
para caminhar até a cidade,não precisarias vir aqui: nós nos
dirigiríamos à tua casa. No entanto, és tu que tens a obrigação
de vir cá mais amiúde. Pois, para mim, cada vez mais os prazeres
do corpo cedem lugar ao desejo e ao deleite da conversação.
Dá, então, a estes jovens o proveito da tua companhia e vem
mais vezes a esta casa de teus muito íntimos amigos.
Sócrates — Em verdade, Céfalo, eu aprecio conversar comos velhos. Penso que devemos aprender com eles, pois são pessoas que nos antecederam num caminho que também iremos
trilhar, para assim conhecermos como é: áspero e árduo ou tranqüilo e cômodo. Com certeza, ser-me-ia agradável conhecer tua
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opinião, porquanto já alcançaste a fase da existência que poetas
denominam “o limiar da velhice”. Como julgas este momento
da tua vida?
Céfalo —...
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