La Teoria De La Agencia
Andréa Paula Segatto-Mendes Keyler Carvalho Rocha
RESUMO
O objetivo deste estudo foi demonstrar a aplicabilidade da teoria de agência às relações entre participantes de cooperações entre universidades e empresas para desenvolvimento tecnológico de seus produtos e/ou processos. Aanálise baseou-se na premissa de que a existência de separação entre a propriedade e o controle do capital em cooperações tecnológicas universidade-empresa conduziria à presença de variáveis que representariam a possibilidade de surgimento de conflitos de interesses entre os participantes. Desse modo, seria possível a aplicação de conceitos desenvolvidos pela teoria de agência para o aperfeiçoamentodesses arranjos de pesquisa cooperativa. Assim, foi realizada uma pesquisa documental, baseada em levantamento de dados primários constituídos de contrato firmados entre as instituições participantes de cooperações tecnológicas universidade-empresa. A análise desses dados permitiu identificar cláusulas contratuais que demonstraram a existência de variáveis pertencentes à teoria de agência, ou seja,técnicas de monitoramento e controle, existência de interesses divergentes, controle sobre resultados não-pecuniários e fontes de assimetria informacional, revelando, assim, características da teoria que poderiam ser observadas nas cooperações. Desse modo, relevantes contribuições puderam ser elaboradas para o aperfeiçoamento desses processos.
Recebido em 07/outubro/2003 Aprovado em01/abril/2005
Palavras-chave: teoria de agência, agente, principal, cooperação universidade-empresa, tecnologia, inovação. 1. INTRODUÇÃO A relevância do conhecimento para o desenvolvimento econômico, social e cultural de uma nação tem se tornado cada vez mais evidente, uma vez que a capacidade competitiva de empresas e países tem como um de seus fatores centrais o conhecimento e sua gestão, resultado dodeslocamento do paradigma da sociedade industrial para o da sociedade do conhecimento (FUJINO, STAL e PLONSKI, 1999). Essa preocupação tem unido universidades e empresas e,
Andréa Paula Segatto-Mendes, Mestre e Doutora em Administração pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, é Professora Adjunta do Departamento de Administração Geral e Aplicada daUniversidade Federal do Paraná (CEP 80210-170 — Curitiba/PR, Brasil). E-mail: apsm@ufpr.br Endereço: Universidade Federal do Paraná Rua Prefeito Lothário Meissner, 632 — Sala AS02N23 Campus III — Jardim Botânico 80210-170 — Curitiba — PR Keyler Carvalho Rocha é Professor Doutor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (CEP 05508-010 — São Paulo/SP,Brasil) e Consultor de Empresas. E-mail: keyler.rocha@uol.com.br
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R.Adm., São Paulo, v.40, n.2, p.172-183, abr./maio/jun. 2005
CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA DE AGÊNCIA AO ESTUDO DOS PROCESSOS DE COOPERAÇÃO TECNOLÓGICA UNIVERSIDADE-EMPRESA
em quase todos os países, a aproximação entre essas instituições já é uma realidade que tem se intensificado nos últimos 20 anos. Uma das maioresresponsáveis por isso é a revolução tecnológica em curso, que traz uma obsolescência cada vez mais rápida. Desse modo, novas tecnologias dão origem a novos setores industriais marcados pela forte incorporação de conhecimentos científicos e técnicos (STAL, 1997). Esse processo de cooperação entre universidades e empresas conta com dois componentes centrais: as empresas que atuam com o aporte financeiro einformações do setor produtivo e do mercado; e as universidades, que fornecem o conhecimento e estrutura de pesquisa do meio acadêmico. A cooperação universidade-empresa implica, desse modo, atuação conjunta de duas instituições de natureza distinta, em que conflitos podem ocorrer em função dos interesses divergentes. Com a transferência de recursos das empresas para projetos de pesquisa, que...
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