Linguistica E Etnologia

Páginas: 23 (5741 palabras) Publicado: 10 de diciembre de 2012
LINGÜÍSTICA E ETNOLOGIA
Franz Boas

Convém dizer algumas palavras sobre a função de pesquisas lingüísticas no estudo da
etnografia indígena.
Necessidade Prática de Estudos Lingüísticos para Fins Etnológicos
Em primeiro lugar, considerar-se-ia o aspecto puramente prático desta questão.
Normalmente, o pesquisador que visita uma tribo indígena não é capaz de conversar com os
próprios nativose obter sua informação em primeira mão, mas é mais ou menos obrigado a se
basear nos dados transmitidos pelos intérpretes, ou, pelo menos, nos dados obtidos com a ajuda
de intérpretes. Ele pode fazer sua pergunta através de um intérprete e receber novamente, pela
mesma boca, a resposta dada pelos indígenas. É óbvio, que este é um método insatisfatório,
mesmo quando os intérpretes são bons;mas, em regra, as pessoas disponíveis ou não estão
suficientemente familiarizadas com a língua inglesa ou são por demais contrárias ao ponto de
vista indígena, e entendem tão pouco a necessidade de fidelidade por parte do investigador, que a
informação fornecida por eles pode ser usada apenas com considerável grau de precaução. No
presente momento é possível sair-se bem em muitas partes daAmérica sem intérpretes, através
dos trade jargons (línguas de comércio) desenvolvidos por toda parte, no relacionamento entre
brancos e índios. Estes meios, no entanto, são insatisfatórios para investigar os costumes dos
nativos, porque, em alguns casos, o vocabulário das línguas de comércio é extremamente
limitado, e é quase impossível veicular informação relacionada com as idéias religiosas efilosóficas, ou com os aspectos mais profundos da arte nativa, cada um dos quais desempenha
papel na vida indígena.
Uma outra dificuldade encontrada, sempre que o investigador trabalha com um intérprete
particularmente inteligente, é que este capta muito rapidamente o ponto de vista teórico daquele,
e sua informação, por essa razão, é fortemente tendenciosa, dada a dificuldade em resistir àinfluência de teorias formativas, como o deve fazer o investigador. Qualquer pessoa que tenha
feito um trabalho com índios inteligentes lembrará situações desse tipo, onde o intérprete pode
ter formulado uma teoria baseada em questões que lhe foram colocadas, e interpretar suas
respostas, influenciado por noções preconcebidas.
Tudo isso é tão óbvio que dificilmente requereria grande discussão.Nossas necessidades
tornam-se particularmente visíveis quando comparamos os métodos normalmente usados por
qualquer investigador de culturas do velho mundo com aqueles do etnólogo que estuda tribos
primitivas. Ninguém poderia esperar um relato abalizado da civilização da China ou do Japão
por um homem que não fale bem aquelas línguas, e que não domine suas literaturas. Espera-se
que o estudanteda Antigüidade tenha um domínio completo das línguas antigas. Um estudante
da vida muçulmana, na Arábia ou na Turquia, dificilmente seria considerado um pesquisador
sério se todo o seu conhecimento fosse derivado de relatos de segunda-mão. O etnólogo, por
outro lado, encarrega-se, na maioria dos casos, de elucidar os pensamentos e sentimentos mais
íntimos de um povo sem conhecimento profundodaquelas línguas.
É verdade que o etnólogo americano se defronta com suas dificuldades práticas, porque,
no presente estado da sociedade americana, a maioria das práticas e costumes se extinguira, e o
investigador é compelido a depender de relatos de costumes de tempos passados gravados a
partir da manifestação oral de velhas gerações que, quando jovens, já tomavam parte nessas
performances.Além disso, ele se defronta com a dificuldade de que o número de pesquisadores
treinados é muito pequeno, e o número de línguas americanas, mutuamente ininteligíveis, é
extremamente grande, provavelmente mais de trezentos ao todo. É negada, também, aos nossos

etnólogos pesquisadores a oportunidade para passar longos períodos contínuos com qualquer
tribo particular de forma que as...
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