Maringá

A CIDADE DE MARINGÁ: CAMPO RELIGIOSO E REPRESENTAÇÕES
Solange Ramos de Andrade

Esta reflexão faz parte de uma pesquisa nossa proposta consiste em realizar um estudo sobre o fenômeno religioso no mundo atual, a partir do processo de crescimento e diversificação religiosa presente no Brasil , visando contribuir para a compreensão das relações entre as mudanças no campo religioso (Derrida &Vattimo, 1995)[1]
Diante da ausência de trabalhos de mapeamento dessas manifestações tanto na cidade, como no Brasil e pelo fato de ser uma cidade relativamente bova (tem 57 anos), podemos traçar a história dessa pluralidade religiosa, de 1956, quando é criada a Diocese de Maringá até 2005, utilizando como fontes, toda a documentação oral, escrita e imagética possível.
A partir da HistóriaCultural, pretendemos analisar as maneiras pelas quais determinados grupos sociais se organizam para vivenciar suas relações com o sagrado. A História Cultural nos oferece a possibilidade de circular pelas mais diversas áreas do conhecimento para analisar o fenômeno religioso, em razão da necessidade de desenvolvermos um projeto transdisciplinar (Morin, 1999)[2]
A importância de serme desenvolvidaspesquisas sobre história religiosa e das religiões é apontada por Durkheim, quando afirma que “não podemos chegar a compreender as religiões mais recentes a não ser acompanhando na história a maneira como elas progressivamente se compuseram. A história, com efeito, é o único método de análise explicativa que é possível aplicar-lhes.”[3]
Nossa proposta consiste em partir das categorias de camporeligioso (Bordieu, 1982)[4] e de representação (Chartier, 2002)[5]. Por campo, especificamente o religioso,

devemos entender uma instituição historicamente construída, dotada de um conjunto de leis de funcionamento e normas particulares de jogo, que é, antes de tudo, um campo de forças, um conjunto sistemático de diferenças que oferecem, objetivadas uma soma de desigualdades a um conjunto deagentes que estão predispostos previamente a percebê-las de maneira discrepante, a interessar-se por elas de modo distinto, e a usá-las de formas diferentes, parece poder gerar seu próprio interesse.
O conceito de campo é dinâmico e elástico, permitindo entender como as estruturas religiosas se estabelecem e como se transformam. Em sua maior parte, os estudos sobre religião desenvolvidos no Brasil,partem da categoria de campo religioso de Bourdieu.
A partir do conceito de campo religioso podemos analisar como se configura o catolicismo na cidade de Maringá, atentando para sua organização institucional e para as formas que contestam, explícita ou implicitamente, esta organização.
A instituição religiosa, como toda instituição, tem por objetivo atestar aos seus agentes uma identidadeparticular, o ser católico, ou seja, um dever ser que impõe não somente aquele que o recebe como uma nova forma de se comportar diante do mundo, como a todos os seus contemporâneos que deverão reconhecer nessas regras sua excelência e diferença dos não pertencentes à sua instituição.É o que Bourdieu denomina os ritos de instituição.
Consideramos válida esta abordagem, mas acreditamos que, juntamentecom a delimitação da configuração das instituições religiosas poderíamos utilizar o conceito de representação de Chartier, para analisar como um determinado grupo social, a partir do lugar que ocupa e da realidade social que vivencia, percebe e aprecia esse real. Por isso, investigar as representações exige que estas sejam situadas num campo ( o campo religioso) de concorrência e de competições,cujos desafios se enunciam em termos de poder e de dominação.
Para Chartier, as lutas de representações têm grande importância para a compreensão dos mecanismos pelos quais um grupo impõe ou tenta impor a sua concepção de mundo social, os valores que são os seus e o seu domínio e situando os conflitos de classificação ou de delimitações como pontos tanto mais decisivos quanto

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