Medo
No entanto, convémperguntar: o medo traz consigo uma verdade escondida ou não? Caso traga, obedecer ao medo será sinal de responsabilidade. Se ao atravessar uma autoestrada corro o risco de ser atropelado, porque nãoobedecer ao medo? Uma vez que por detrás deste medo existe uma ameaça real e verdadeira – a vida com ameaça de morte – é óbvio e natural deixar-me “aconselhar” pelo medo. Mas, se isto é claro, acontecemporém outras situações em que não é nada evidente se o medo que eu experimento corresponde ou não à realidade. Dito por outras palavras, se o medo que eu experimento evita a morte ou adia a vida.
Eaqui entramos no campo do imprevisível, do não saber em que isto vai dar, no campo das suposições. Importa, acima de tudo que as ditas suposições não se transformem em fantasmas. Esta é uma regra deouro.
Como dizia, entramos, agora no ponto chave da questão: o de não ter dados suficientes para averiguar se o medo que experimento esconde uma verdade ou um alerta – e portanto devo dar-lhe atenção –ou se pelo contrário disfarça-se de verdade para impedir-me de arriscar, de ousar e de avançar na vida. Se há cálculos que se fazem “à priori” – a previsão, a ponderação, a vigilância – haverá outros,talvez a maior parte, que se fazem “à posteriori”, a avaliação.
Curiosamente que no campo do temor, investimos mais energias no “à priori” do que no “à posteriori”. Não nos mostrou já a vida –...
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