Memória e esquecimento

Páginas: 15 (3656 palabras) Publicado: 13 de marzo de 2011
Roberto Bolaño, a história, a memória e a narração de si em Noturno de Chile.

Carmen Cecilia Rodríguez Almonacid
Introdução
O presente texto objetiva a leitura do romance Nocturno de Chile, do autor chileno Roberto Bolaño (1953-2003) como a escrita de narrativa que autoriza o sujeito, entendendo-se como sujeito do mundomoderno, a uma auto referência na qual se especula e interroga sobre si mesmo na medida em que se conta a vida vivida no relato de uma noite febril, onde se mostrará a memória que a constitui.
A referência à filosofia de Paul Ricouer na interpretação e compreensão do texto de Roberto Bolaño se da na medida em que Ricouer estabelece um vinculo entre as maneiras com que o sujeito compreende-se a simesmo e ao mundo que o rodeia e de como surge através dessa relação o processo de narrar o vivido. Assim a linguagem humana, imperfeita, ambígua, como as pré-compreensões que todo sujeito carrega consigo passam a ser consideradas, não mais como um entrave ao conhecimento do mundo, senão como a condição que promoveria a possibilidade e autenticidade dessa compreensão.
Paul Ricoeur é um filósofo,que pese reconhecer suas influencias particulares, está disposto a dialogar com o major número de correntes de pensamento possíveis, com o propósito central de realizar uma filosofia do sujeito e da reflexão em términos de uma hermenêutica de si e uma hermenêutica dos símbolos. Sua filosofia não é a de uma procura da verdade constituída, senão a de um sujeito que se constitui. Para tanto, acapacidade reflexiva do ser humano, segundo Ricoeur, implica a afirmação do outro e da linguagem (entendido como un medium simbólico desde onde interpretar-se). Neste sentido, aquilo que ele chamará uma hermenêutica do si, começa por uma hermenêutica dos símbolos.
O sujeito ricoeuriano se diferencia do eu, do ego, da consciência, conforme o autor, a posição do “si” não é um dado, mas uma tarefa, umadupla tarefa ética e hermenêutica. Essa tarefa compreende uma reflexão ontológica preparada por considerações lingüísticas, semânticas, pragmáticas, hermenêuticas, mediada pelo livro, pelo outro.
É através da leitura que trazemos à superfície o que teria ficado submerso e obscuro, assim, segundo Ricoeur, compreender é o “contrário de uma constituição de que o sujeito teria a chave. A este respeito,seria mais justo dizer que o si é constituído pela “coisa” do texto “(RICOEUR, 1990, p.58).
É e nessa experiência de leitura como atividade transforadora Jeanne Marie Gagnebin, no artigo Uma filosofia do Cogito Ferido: Paul Ricoeur aponta para o conceito de refiguração como sendo a condensação das reflexões de Ricoeur em torno Jaus sobre sua estética da recepção quanto da hermenêutica deGadamer, este conceito se refere aquilo que Marcel Proust já escrevera nas últimas páginas do seu romance Em busca do tempo perdido, referindo-se aos leitores e que Ricoeur apreciava citar:

“Porque, na minha opinião, não seriam meus leitores mas leitores de si mesmos, meu livro não passando de uma espécie de lentes de aumento como aquelas que oferecia a um freguês o dono da ótica de Combray; meu livrograças ao qual eu lhes forneceria o meio de lerem a si mesmos”.

Em O si-mesmo como um outro, Ricoeur propõe mostrar que o eu não é imediato, nem pode colocar-se como último fundamento. O conceito de sujeito que o autor trata de trazer à tona, não é o sujeito das filosofias que o exaltam nem aquele das filosofias que o subestimam. A reflexão de Ricoeur sobre o sujeito desde uma hermenêuticado si, através da alteridade, lhe exige “manter-se a igual distancia do Cogito exaltado por Descartes e do Cogito proclamado decadente por Nietzsche” (RICOEUR, 1991, p35)
No seu livro, La mémorie, l’histoire, l’oublie Ricoeur nos questiona sobre a relação entre memoria e história e quais são os deveres que temos respeito nossa própria história, e ainda, qual é a relação entre o esquecimento, a...
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