Modelos Analysis
IMPLEMENTOS RODOVIÁRIOS
E SUA IMPORTÂNCIA PARA O
AUMENTO DA EFICIÊNCIA DO
TRANSPORTE DE CARGAS NO
BRASIL
* Respectivamente, gerente, engenheiro e estagiário do Departamento de
Indústria Pesada da Área Industrial do BNDES.
BENS DE CAPITAL
Marcelo Goldenstein
Marcelo de Figueiredo Alves
Rodrigo Luiz Sias de Azevedo*
Resumo
Este artigo pretende traçar umpanorama de um
setor industrial pouco conhecido: o de fabricantes de
implementos rodoviários. Os implementos são os reboques, semi-reboques e carrocerias, ou seja, os componentes do caminhão responsáveis pela função específica
do transporte de cargas.
Presente no país há mais de cinqüenta anos, o
setor é um típico fabricante de bens de capital. É composto por indústrias de controle totalmentenacional e
fabrica produtos com tecnologia e matérias-primas igualmente brasileiras.
Por atuar em um contexto em que o modal rodoviário é amplamente dominante e os transportadores de
carga e operadores logísticos esforçam-se para aumentar sua eficiência, os fabricantes de veículos de carga
devem ser mais inovadores e apresentar produtos cada
vez mais especializados e customizados.
Por isso, évital a compreensão da dinâmica de
funcionamento do setor de implementos rodoviários, que
deve ser objeto de políticas públicas visando à sua consolidação e à sua expansão.
242
A Indústria de Implementos Rodoviários
U
m dos maiores entraves ao crescimento econômico do
Brasil está intimamente ligado à eficiência da cadeia logística de
infra-estrutura do transporte de cargaexistente no país. A matriz
brasileira de transporte de cargas é desbalanceada e privilegia em
demasia o modal rodoviário em detrimento dos demais modais, ao
contrário do que ocorre em outros países de dimensões continentais, como Estados Unidos, Rússia e Canadá.
A Prevalência
do Modal
Rodoviário
Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres
(ANTT), o modal rodoviário representa cercade 61% da matriz de
transporte brasileira, enquanto o ferroviário conta com 21%, o aquaviário, com 14%, e o aéreo e o dutoviário, com 4%. Se considerarmos
apenas o Estado de São Paulo, a participação do modal rodoviário
alcança mais de 90%.
Essa distorção é um fator de perda de competitividade e
contribui para o aumento do “custo Brasil”, na medida em que o
modal rodoviário acaba por supriras lacunas dos outros modais na
matriz de transporte, predominando em muitas operações em que,
por suas especificidades (natureza do produto transportado, distância, capacidade de carga, entre outros), não é economicamente
o mais adequado.
Tal panorama é conseqüência direta da opção estratégica,
adotada no início dos anos 1950, de privilegiar as rodovias em
relação aos outros modais detransporte e da posterior redução na
capacidade de investimentos do Estado em infra-estrutura.
Até 1950, o modal rodoviário respondia com uma participação de apenas 38% e havia um predomínio do modal ferroviário.
A partir de então, foi adotada a estratégia de privilegiar as rodovias.
Com isso, em 1960, o transporte rodoviário já representava cerca de
60% da matriz nacional de transportes.
Entreas décadas de 1960 e 1980, os investimentos foram
direcionados à construção de estradas. Outros fatores, como a
expansão da indústria automobilística, o baixo preço do petróleo e
o crescimento econômico experimentado na década de 1970, levaram o transporte rodoviário de cargas a consolidar sua posição de
predominância na matriz de transporte, alcançando a participação
de 70%.
BNDES Setorial,Rio de Janeiro, n. 24, p. 241-260, set. 2006
243
A despeito dos esforços implementados a partir da década de 1990, com o incentivo à utilização do transporte multimodal,
e de iniciativas como a privatização de portos e ferrovias, a matriz
de transporte ainda permanece desbalanceada.
As
Dificuldades
Enfrentadas
pelo Setor de
Transporte
Rodoviário
M
esmo com o baixo...
Regístrate para leer el documento completo.