Multiculturalismo

FACULDADE DE AMPÉRE - FAMPER
MAURICIO ANTONIO GIACCHINI

MULTICULTURALISMO
Prática da Docência no Ensino Superior – As necessidades de uma postura multiculturalista.

AMPÉRE – PR
AGOSTO/2008

PRÁTICA DA DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR – AS NECESSIDADES DE UMA POSTURA MULTICULTURALISTA.

Atualmente a necessidade de uma educação democrática está sendo reivindicada internacionalmente,como jamais foi. A construção de uma educação que fortaleça a diversidade cultural e seja entendida como democrática dentro de uma visão multiculturalista é o que fomenta o amplo debate da formação de um novo modelo de educação: o multicultural.

Há uma grande distância entre o campo das idéias, das teorias, das leis e o campo das ações.

Não há como negar que a legislação contempleuma visão multiculturalista. Quando trata todos os cidadãos como iguais, em direitos e deveres, não distinguindo as raças, cores, nacionalidades, sexo ou crenças, as leis do Brasil favoreceriam o multiculturalismo, porém a transposição do que é legal, neste caso, teórico, para o campo da prática encontra uma barreira cultural quase que intransponível. É comum em qualquer segmento da sociedade aexistência de práticas segregacionistas ou discriminatórias que corroboram uma postura de soberania de umas culturas sobre as outras.

A própria adoção da política de garantia de cotas para acesso ao ensino superior aos afro-descendentes é um exemplo comprovativo de uma tentativa de reparar uma situação de desigualdade e sobrepujança da cultura européia (brancos) para com a culturaafro-mestiça (negros e pardos).

A concepção do Ensino Superior obedece a um padrão europeu pré-estabelecido que nunca contemplou os vários segmentos culturais existentes na sua composição. Tanto a produção de conhecimento, quanto a propagação da cultura seguem um modelo concebido pela visão da elite dominante que por vezes arrasa, deturpa ou violenta as culturas minoritárias.

Os meios deprodução de conhecimento, especialmente a escola, os meios de comunicação de massa, televisão, rádios, jornais, revistas e produções literárias, dedicam-se a perpetuar um modelo cultural de supremacia de uma cultura, dita de referência, sobre as minorias. Neste aspecto, há um favorecimento a proliferação dos preconceitos raciais, sexuais e culturais, principalmente.

Se por um lado omulticulturalismo, apregoando a vivência harmônica entre as mais variadas culturas, apontaria para o ponto final das lutas contra as desigualdades, ao mesmo tempo jogaria combustível na fogueira dos conflitos entre culturas. Quando se há o debate sobre o multiculturalismo, é imprescindível que se faça uma análise sobre os componentes históricos que contribuíram para a composição do modelo culturalvigente. Neste aspecto, não se pode deixar de abordar os fatos históricos que compõem a história do país, que é, por conseguinte, os fatos que acirram as desigualdades entre raças, credos, sexos e culturas.

Não há como se negar que a violência vivida pelos negros na escravatura seja refletida hoje nos bancos universitários, ou a aniquilação da cultura indígena, ou a colonização dos“miseráveis” da Europa no sul do Brasil, somente para citar alguns poucos exemplos.

A construção de um modelo comum ou homogêneo de cultura pode se revelar utópico quando as desigualdades sociais entre os culturalmente oprimidos, especialmente negros e índios, e os brancos, de produção de cultura opressiva, continuar estabelecido. O componente social será por vezes mais relevante em qualquer debatemulticulturalista, do que propriamente o componente cultural. Enquanto negros e índios, por exemplo, ainda precisam lutar para garantir as condições básicas para subsistir perante os outros segmentos, a condição cultural será relegada a um segundo plano.

Se para alguns o existir enquanto cidadão já será uma conquista, a opressão de sua cultura pode até ser tolerada em nome dessa...