Nacionalismo Musical
Nacionalismo musical e “invasão cultural” na linha evolutiva da Música Popular Brasileira1.
Musical nationalism and “cultural invasion” in evolutionary line of the Popular Brazilian Music.
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Emília Saraiva Nery
Resumo: O trabalho mostra a objetivação histórica do conceito de linha evolutivana Música Popular Brasileira, a partir de uma situação dos debates sobre o ser da MPB entre os meados da década de 1960 e por toda a década de 1970. Assim sendo, trata-se de um estudo sobre as tensões no campo da música brasileira a partir da noção de “linha evolutiva na MPB”, formulada por Caetano Veloso, em meados da década de 1960 e que, desde então, passou a ser um significativo parâmetro parase pensar a MPB. Palavras-chave: História do Brasil. Música Popular Brasileira. Linha Evolutiva.
Abstract: The paper present the historic objectivity of the conceit of evolutionary line in the Popular Brazilian Music, began as situation of debates about the be of MPB between the middle of the decade of 1960 and for all decade of the 1970. Therefore, this paper talks about the tensions in thefield of the Brazilian music produced by the notion of the “evolutionary line in the MPB”, it is formulated by Caetano Veloso, in middle of the decade of 1960, and this moment it passed to be a parameter significant to think the MPB. Keywords: Brazil History. Popular Brazilian Music. Evolutionary Line.
A partir dos meados dos anos 1960 intelectuais e músicos brasileiros se engajaram num amplodebate sobre o “ser” da Música Popular Brasileira, refletindo especialmente sobre quais seriam os parâmetros através dos quais se poderiam conceder ou negar enquadramento a algo como sendo próprio da MPB. A partir de então, a expressão linha evolutiva iria se constituindo lentamente no interior das discussões sobre MPB.
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Este artigo faz parte da dissertação de NERY, Emília Saraiva. Devires naMúsica Popular Brasileira: As aventuras de Raul Seixas e as Tensões Culturais no Brasil dos anos 1970. Dissertação. (Mestrado em História do Brasil) – UFPI, Teresina, 2008. * Docente de História pela Secretaria de Educação do Estado do Piauí – SEDUC - PI. Doutoranda em História pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU. Mestre em História do Brasil pela Universidade Federal do Piauí - UFPI.Integrante do grupo de pesquisa História, Cultura e Subjetividade, do CNPq. E-mail: emilia.nery@gmail.com
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Revista Brasileira de História & Ciências Sociais Vol. 3 Nº 6, Dezembro de 2011 © 2011 by RBHCS
Em 1965, a Revista Civilização Brasileira promoveu um debate entre Edu Lobo, Luiz Carlos Vinhas e José Ramos Tinhorão, com o objetivo de discutir a situação da MPB. O debate, que seriapublicado e obteria significativa repercussão, foi dividido em três temas: 1) situação histórica; 2) música participante e 3) autenticidade. Tais temas foram escolhidos considerando a suposição de que a MPB passava por um refluxo em relação à evolução que teria sido obtida com a Bossa Nova, conforme se pode depreender do trecho a seguir:
A música popular brasileira, sobretudo a que é feita no Riode Janeiro, chegou a um novo impasse depois dos êxitos alcançados pela Bossa Nova. As dificuldades atuais mostram que nossa música continua evoluindo, 2 sempre à procura de modalidades mais avançadas .
Suposições como essas demonstram uma preocupação dos debatedores com os rumos que a MPB estava tomando naquele momento, apesar do sucesso alcançado pela Bossa Nova no exterior, especialmente nosEstados Unidos. A presença da música brasileira na esfera internacional é o cerne do debate sobre uma abertura às influências evolutivas não apenas na música nacional, mas também na música estrangeira. Este ponto central colocará os debatedores em lados opostos. A conquista do mercado musical estrangeiro foi avaliada positivamente pelos músicos Edu Lobo e Luiz Carlos Vinhas. O crítico José...
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