Os primeiros acordos para constuir o mercosul
A recessão econômica que atinge a Argentina atualmente, e incide profundamente no Mercosul, representa uma crise longamente esperada. Ela é uma decorrência da mudança da conjuntura interna e externaargentina. Os programas de ajuste do início dos anos 90, visando liberalizar o comércio exterior e combater a hiperinflação, produziram uma dolarização da economia. Ainda que a abertura do mercado interno tenha produzido um déficit comercial, houve uma entrada expressiva de investimentos devido às privatizações de empresas e serviços do Estado.
A pauta de exportações argentinas concentrou-se,sobretudo, em produtos primários como carne, trigo e petróleo. Com um tal perfil, as exportações eram frágeis frente certas variáveis da economia internacional, como o futuro viria a demonstrar. Contudo, a entrada no Mercosul, seja devido à existência de uma Tarifa Externa Comum (TEC) ou de acordos comerciais, permitiram que as exportações argentinas encontrassem um mercado também para produtosagro-industriais e automóveis. Especialmente os automóveis e o petróleo foram negociados politicamente dentro do Mercosul.
Apesar disso, o governo Menen nunca deixou de responder aos acenos norte-americanos para algum tipo de associação ao NAFTA e, depois, à ALCA. Apesar de ser membro do Mercosul, mantinha com os Estados Unidos o que ele próprio denominou de "relaciones carnales". Os recursos carreadoscom as privatizações permitiram-lhe manter programas de frentes de trabalho para desempregados (quase 20% da população economicamente ativa) e de cestas básicas para os pobres, e desta maneira, lograr a reeleição. Nesta época, o modelo argentino recebianumerosos elogios e era apontado como exemplo para os demais países latino-americanos. A entrada em vigor do Real, encarecendo as exportaçõesbrasileiras, melhorou ainda mais a posição argentina, que se tornou superavitária em relação ao Brasil.
Mas a dolarização da economia argentina tornava suas exportações pouco competitivas em relação a outras regiões. Em 1997 inicia-se a instabilidade financeira internacional, com fugas de capitais que atingem inclusive a Argentina. Em 1998 o Brasil perde metade de suas reservas cambiais (que atingiam70 bilhões de dólares), levando o governo a desvalorizar o Real. Isto tornou as exportações argentinas ainda mais caras, iniciando o que foi denominado de "crise do Mercosul". Buenos Aires pressionava por concessões adicionais do Brasil para compensar a contração de exportações. Sintomático é que não tenha pressionado outros parceiros com os quais possui déficit, como os EUA.
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