Profesor

O artista
Bas Jan Ader pode ser considerado um artista romântico-conceitual. Por um lado, ele relacionava sua obra a aspectos da física, especialmente à gravidade, e à filosofia. Por outro, a emoção era uma característica muito presente em seu trabalho.
Por meio de performances, fotografia e vídeo, Bas Jan Ader fez da queda do seu próprio corpo e de objetos diversos uma pesquisa dos limitesque a gravidade impõe ao corpo. Seu trabalho explora com maestria a possibilidade, a contingência e a iminência. Nesse sentido, dialoga certeiramente inclusive com o tema da Bienal de São Paulo, que neste ano apresenta “A Iminência das Poéticas”. O trabalho de Bas Jan Ader é a poética prestes a acontecer e, como definido pela curadoria da Bienal, da sua poética emanam fragilidade e tristeza.
Aderfoi um essencialmente um artista performático. A Performance Arte se caracteriza por ser uma manifestação interdisciplinar, ou seja, pode combinar teatro, música, poesia, vídeo, etc. Normalmente, a plateia é restrita ou inexistente e, por isso, a obra depende do registro fotográfico, de vídeo ou de descrições escritas para que se torne conhecida do público. Outra característica comum deste gênero éa definição prévia de um roteiro. A obra surge a partir de uma ideia determinada anteriormente e pode, assim, ser reproduzida em outros momentos e locais.
A Arte Conceitual se assemelha a este último ponto. Nela, preza-se muito mais pela ideia do que pela obra em si. A execução do trabalho é algo superficial, que fica em segundo plano. Pode ser feito por qualquer um. Mas o conceito é o querealmente tem valor nesse caso.
No documentário “BAS JAN ADER - In Search of The Miraculous”, de Soo Jin Jung, a viúva de Ader conta que o processo de produção de seu marido era feito principalmente no campo da mente. Vez ou outra ele fazia algumas anotações, mas não muitas, e quando focava em uma ideia particular, ia a fundo. Mary Sue Ader-Andersen também revela que Ader não costumava fazer rascunhose nem se preparar fisicamente para os trabalhos.
Muito do trabalho de Ader era centrado no simples ato de cair, no qual ele utilizava o próprio corpo e a imagem como ferramentas. Ele gravou filmes mudos, em preto e branco e 16mm.
Foi um artista ignorado por seus contemporâneos em Los Angeles e passou grande parte de sua vida de “jovem adulto” trabalhando como professor de filosofia erestaurador de carros. Seu grande pico de produção foi essencialmente entre 1970 e 1975. Há um senso comum entre os críticos atuais de arte, com base na impressão de conhecidos de Ader, de que para ele a arte deveria ter um motivo sincero e real para ser feita, caso contrário ele não se dispunha a fazê-la.
A arte de Bas Jan Ader faz com que o espectador inevitavelmente volte a si mesmo e se confronte comseus próprios pesares. É uma arte muito melancólica, mas com um refinado senso de humor, em muitos aspectos, tragicômica. O acervo de trabalhos de Bas Jan Ader é pequeno, inclusive porque o artista morreu muito jovem, mas toda a mística em torno não só de sua morte mas de seus trabalhos que possuem essa característica e que, apesar de simples, são fortes, fez com que até hoje as produções de BasJan Ader despertem o interesse e sejam expostas em diversas mostras e galerias.
Era uma figura frágil, miúda, bem magro e que se coloca em situações nas quais parece ser ainda mais frágil. Evitava falar muito sobre seu trabalho e, uma vez questionado sobre a presença constante de "queda“" nele, muito abordada em seus vídeos em 16mm, respondeu “porque a gravidade se sobrepões a mim”.
Seutrabalho também é muito corporal. Com os filmes de queda, ele dirigia seu corpo em movimentos que despertavam o senso de natureza, de respiração. É a manipulação do corpo. A situação que passa a sensação do acaso e da gravidade, mas que é deliberadamente construída para acontecer mais ou menos daquela maneira.

História
Bas Jan Ader nasceu na Holanda, em 1942. Seu pai era pastor da Igreja Católica e...