Psicologia e Religiosidade

Páginas: 12 (2910 palabras) Publicado: 14 de abril de 2012
Psicologia e Religião
Ao introduzir uma reflexão relacionada à Psicologia e à Religião, é importante compreender o que, basicamente, estas duas categorias guardam em comum e a partir do que se diferenciam mutuamente.
Para o fazermos de forma crítica, evoquemos o conceito de esclarecimento, o qual designa as formas desenvolvidas pelo homem, ao longo de seu processo histórico, parasobreviver e lidar com a natureza e, mais tarde, com a civilização (Adorno & Horkheimer, 1947). Esta eterna busca pela compreensão e intervenção sobre os fenômenos da natureza constitui-se a partir da reação ao medo do não-saber e gera, necessariamente, diferentes sistemas de conhecimentos cujo apogeu político e ideológico caracteriza determinada época do processo histórico.
Assim, a mítica,a religião, a filosofia, a ciência – bem como a arte, dentre outras categorias de expressão cultural – são exemplos das formas assumidas pelo esclarecimento ao longo da história da humanidade. O ser humano, frente a um mundo complexo e repleto de inúmeros problemas a serem compreendidos e resolvidos, tem no sentimento inicial de desamparo o motor do movimento esclarecedor gerador de saberes(Adorno & Horkheimer, 1947).
Deste ponto de vista, Religião e Psicologia – esta entendida como um ramo da Ciência – originam-se da mesma necessidade e servem ao mesmo fim. Contudo, a primeira configura-se, aos homens, como “um sistema de doutrinas e promessas que, por um lado, lhe explicam os enigmas deste mundo com perfeição invejável, e que, por outro, lhe garantem que uma Providênciacuidadosa velará por sua vida e o compensará, numa existência futura, de quaisquer frustrações que tenha experimentado aqui” (Freud, 1930, p.21). A religião baseia-se num sistema de doutrinas, isto é, verdades inquestionáveis, reveladas através de escrituras divinas ou de experiências sobrenaturais. Seu apogeu político-ideológico circunscreve-se, sobretudo, à época medieval embora, ainda hoje, conservegrande parte de sua influência enquanto sistema de conhecimento sobre o mundo.
Já a Ciência - cuja hegemonia enquanto forma de esclarecimento dominante faz sentir-se, mais do que nunca, nos dias de hoje – busca a compreensão objetiva dos fenômenos pelos quais se manifesta a natureza, necessariamente apoiando-se em pressupostos ontológicos e epistemológicos, realizando-se através de umametodologia sistemática e operacionalizando-se pela via de um arsenal técnico coerente (Severino, 2002). Os saberes gerados pelo método científico não possuem o caráter de verdades absolutas, tampouco de inquestionáveis, mas são válidos, temporários e, principalmente, testáveis/falseáveis.
Tendo isto em mente, pretendemos discutir, aqui, qual a influência que a adoção e prática de conhecimentosreligiosos, por parte das pessoas, têm em suas vidas no que se refere ao processo saúde-doença, na perspectiva de prevenção e proteção à saúde, bem como do enfrentamento de enfermidades. Em outras palavras, busca-se como a ciência psicológica pode refletir e orientar sua prática a partir da consideração da variável religiosidade/espiritualidade nas concepções de saúde-doença dos sujeitos.A importância de tal tema justifica-se, a nosso ver, pelo fato de mais de 90% das pessoas, tanto nos Estados Unidos como no Brasil, crerem em Deus (Fleck et al., 2003; Faria & Seild, 2005), além da observação de nossa prática em hospital geral, no qual a religiosidade faz-se presente na maioria dos casos atendidos. Um bom exemplo desta influência é o estudo de Lobo et al. (2006) que, aoanalisar crenças individuais relacionadas a aspectos do enfrentamento de câncer de mama em mulheres mastectomizadas, encontrou a religiosidade/espiritualidade fortemente presente em seus discursos, sendo que “mesmo as pacientes que responderam não serem praticantes de sua religião apresentaram a importância da fé em um ser Supremo” (p.16).
Ademais, a Organização Mundial da Saúde, desde 1983,...
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