Pés - Fetiche Sexual

Páginas: 15 (3656 palabras) Publicado: 11 de noviembre de 2012
O Pé

“Esse conto é dedicado
à minha musa inspiradora
e grande amada Luciana Teixeiras”

I

Quando eu busco o eu há outro se dizendo outro, mas isto nem ser um nem aquilo. Queria o inacabado, o D + o s antes do ditongo decrescente não fragmentável, aquilo que nunca cessa de se tocar paulatinamente, passo a passo é como se houvesse um movimento puro, inalcançável.

Deve ser aí quecomeça a obsessão – pela compulsão inconsciente. Uma angústia só. No presente. A vontade de possessão de apenas uma peça do corpo, como um boneco sorrindo que se tira da prateleira e se leve para casa: agora sou eu. Como se bastasse. Como o último complemento faltante que se encaixa formando a figura inteira. Como se isto pudesse apenas, e pronto, resolvido.

A vontade que se tem de colecionar,começar outro jogo, coletar o material, analisar o procedimento – a vontade, por ser isso, nunca será realizável. Um tornar a ser de seres incompletos que no fundo se contentam com a aparência da representação. Submissão: inocência hipócrita e cínica. Reconhecimento incendiário do que fora um rebaixamento a si mesmo. Completude reticente: um par de pés estaria bom.

Quando ela pisava a minha cara, euconhecia meu futuro cadáver por meio do chulé. A língua entre os dedos querendo alcançar mais do que devesse, assim mesmo confirmando o ato que a não faz nada além de língua: alcançando ao que se reduz – a baixaria das frieiras, que também fazem parte de um verão úmido e constatável. O contato era entre uma descoberta feminina que sustentava o duro cimentado das calçadas da inteira cidade tinindopelo sol quente a fim de transportar o instrumento do sexo vestido por um desejo fixo porém não realizado endereçado a uma vontade ainda não alcançada.

Hoje em manhã pelada a rua me trouxe pés, o padeiro passou pés com manteiga, eu via entre a faca hábil a fivela apertando dedos. O calcanhar seria a pista das migalhas caindo pelo caminho. Eu perseguia-os sem querer alcançar sem querer jamaisque virasse o rosto, o meu gosto era maior pelas unhas transparentes, naturais, uma cápsula encarnada possivelmente vista quando ela se sentasse no banco público da esquina da praça, apoiasse os papéis ao lado, debruçasse-se sobre si mesma a fim de obedecer ao desejo das solas de ficarem livres, e terminasse de chupar o picolé enquanto eu mirava ali, e me deleitasse na direção do meu própriodilaceramento: abismo que dividira desde o berço, dedão chupado, a adoração a algo que não fosse nem eu nem ela, mas fosse apenas.

Por isso o distanciamento. Não queria dizer meu nome. Não queria que me fosse apresentada. Você não entende, puta que o pariu, que o querer não se baseia em abstração fática, apóie sob pressão macerada e me deixe cheirar. Senti-los o aroma suado. Isto que eu quero: isto –tesão da parte, podolatria amadora, perseguição do irrefreável: aquilo que tu ainda não conheces: cheiro de cobre, couro de sandália, cimento fresco e descalço. O que não permanece e sempre vai, vai: não se sabendo muito bem para onde se levar, o impulso é levado por força onisciente.

E tu paras. E, gazela, estendes a pata, depois a outra, entrevejo-me nos pedaçinhos dedais ofuscados pelo bicoda rasteira. Ou a chinela batida, o cão que passeia, és levado para mim, ó par de pés: umas unhas vermelhas que não sabem o chão que pisam, e depois descalçadas em cima do carpete, me trazem o caminho, levam-me a baixo, destroem meus sentidos: meu corpo reduzido a isto – instinto que serve nem a ti, nem a mim:

Eterna delícia. Eu chupo-os com gosto, faço-te cócegas mas não te manifestes: nãofoi perguntada a opinião do riso, eu mordisco, e depois mordo pra ver se dói – não estamos para brincadeiras: a vida é ingrata. Ser unicelular para, antes da morte, buscar o odor, a micose, o dedão que se excede, o mindinho que se esconde tímido porém cheio de inocente malícia, o indicador que provoca, e no meio aquele que atiça, faz que não quer – na verdade está ali para ser usado sem...
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