Resenha Said/ Merquior

Páginas: 9 (2068 palabras) Publicado: 8 de noviembre de 2012
PPGSA – Mestrado – turma 2012

Disciplina: Teoria Antropológica II

Professor: Cesar Gordon

Aluna: Luisa Godoy Pitanga

Resenha crítica I: Orientalismo, Desconstrução e a colonização pelo pensamento



Introdução:

O que Edward Said nos diria dos eventos da “Primavera Árabe” de 2011 e do papel das redes sociais da internet na mobilização e difusão dos mesmos? E sobre a existênciade uma rede de TV voltada para “os filhos de imigrantes que perderam na Europa a língua materna dos pais (mas não a religião e nem a cultura), países muçulmanos que não falam árabe (como o Paquistão e a Indonésia), e também espectadores interessados em pontos de vista diferentes do americano e do europeu”[1]? E sobre o interesse dos americanos pela programação da Al Jazeera Internacional[2]?Jamais saberemos.

Se levarmos em conta suas vinculações com as lutas políticas em torno do conflito Israel-Palestina[3] e a posição que ocupava no meio acadêmico internacional_ como um dos fundadores do campo de estudos pós-coloniais_é muito possível que, Said tivesse espaço para emitir suas opiniões sobre tais eventos na grande mídia.

Dois anos antes de morrer, no ano de 2001, Said publicou oartigo Choques de Ignorância, publicado um mês após o atentado de 11 de setembro, classificado por ele como: “massacre cuidadosamente planejado” e “atentado suicida horrendo e patologicamente motivado cometidos por um pequeno grupo de militantes de mente perturbada”[4]

No artigo, Said volta sua carga contra os “orientalistas” Samuel Huntington (economista)_ um dos seus principais alvos em“Orientalismo”_ e Bernard Lewis, em resposta aos artigos: Choque de Civilizações (1996) de Huntigton e As razões da ira muçulmana (1990) de Lewis, no qual o primeiro teria sido baseado.“Com certeza nem Huntington nem Lewis têm tempo a perder com a dinâmica e a pluralidade internas de cada civilização, nem com o fato de que a disputa principal, na maioria das culturas modernas, diz respeito à definição ouinterpretação de cada cultura.(...) Na realidade, Huntington é um ideólogo -alguém que quer transformar "civilizações" e "identidades" em algo que elas não são, entidades estanques e fechadas,entidades estanques e fechadas, destituídas das múltiplas correntes e contracorrentes que animam a história humana e que, ao longo dos séculos, tornaram possível que essa história não apenas contenha guerrasde religião e conquista imperial, mas que também seja feita de intercâmbios, fertilizações cruzadas e partilhas.”

Assim, como neste artigo, em “Orientalismo – o Oriente como invenção do Ocidente” de 1978, Said parece se colocar a tarefa de defender as civilizações orientais contra ataques anteriores de colonizadores de pensamentos e de territórios. O tom afirmativo, inflamado de Orientalismotira toda e qualquer dúvida a respeito de seus posicionamentos e objetivos bastante pretensiosos, mas não por isso, menos importantes se os avaliarmos à luz da época em que surgiram.

Diante do maniqueísmo da Guerra Fria, com um mundo dividido entre bons capitalistas e maus socialistas ou vice-versa; da decepção e ruptura com o totalitarismo de esquerda; da emergência de movimentos contraculturaisnos países colonizadores; de critica s não só ao sistema capitalista burguês ocidental, mas principalmente do ponto de vista do simbólico, dos valores, das concepções que vai repercutir em vários movimentos de contestação identitária (mulheres, negros, estudantes), movimento pacifista, anti-guerra do Vietnã; de uma urgente necessidade de romper com o passado/presente colonialista e bélico, o quemais poderíamos esperar de Said?

Certamente, Said possuía todas as credenciais para ocupar a posição do Outro, pois combinava a autoridade conferida pela ancestralidade palestina com a formação acadêmica ocidental (foi criado e formado entre Inglaterra e Estados Unidos, vale ressaltar). Isto é, era o Outro e conhecia e manejava o ethos acadêmico dos “colonizadores” e tornou-se um dos...
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