Resenha - O Príncipe De Maquiavel

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.

Resenha

A obra “O Príncipe”, escrita por Nicolau Maquiavel em 1513, cuja primeira edição foi publicada postumamente em 1532, é considerada, por muitos, um manual de tirania, porém, trata-se de um passo a passo de como um príncipe deve conduzir suas ações a fim de manter pelo maior tempo possível sua conquista comprestígio e segurança.
Onde, o autor através de exemplos históricos, fundamenta suas estratégias extremamente racionalistas.
Maquiavel dá início à sua obra com uma audaciosa carta escrita para Lorenzo de Médici, na qual, oferece-lhe os escritos de suas reflexões decorrentes de suas observações a cerca do comportamento dos grandes personagens históricos. E diz: “[...] Para conhecer bem a natureza dospovos é necessário ser príncipe, e para conhecer a dos príncipes é necessário ser do povo.” (p. 15-16)
Em seguida, fala sobre tipos de governo: república e principados (monarquia); e sobre tipos de principados: hereditários, nascentes e mistos. Aqui, sugere ao príncipe estar sempre atento ao que sucede em seu território.
Onde Maquiavel cita: “Um homem prudente deve assim escolher os caminhos jápercorridos pelos grandes homens e imitá-los; assim, mesmo que não seja possível seguir fielmente esse caminho, nem pela imitação alcançar totalmente as virtudes dos grandes, sempre se aproveita muita coisa.” (p.29) Ele acredita que os príncipes devam se espelhar em seus antepassados que realizaram grandes feitos, para que assim, eles possam ao menos atingir, nem que seja, um pequeno êxito em suaadministração.
Na sequência, fala sobre a dificuldade de conservar-se no poder, e que esta será maior ou menor de acordo com o caráter mais ou menos virtuoso daquele que o conquistou. Ressalta, também, a passagem de homem a príncipe pressupondo que este possua valores (virtudes) ou boa sorte (fortuna), condições estas, atenuantes de muitas das dificuldades enfrentadas por este novo administrador.Para ele, o Príncipe que depende menos da fortuna (sorte, situações favoráveis), mantém-se por mais tempo como tal, e os que conquistam com dificuldades os seus principados, com facilidade os podem conservar. Os que conseguem a façanha de superar grandes dificuldades com suas virtudes pessoais (habilidades, inteligência, uso de estratégias, méritos) se tornarão poderosos, inabaláveis, respeitados etriunfantes.
Há ainda duas outras formas de chegar ao poder: uma criminosa e atroz; outra, com apoio de compatriotas, onde o príncipe torna-se tal com o apoio popular de seu país (república). Aqui, Maquiavel deixa claro que ações consideradas não virtuosas levam o príncipe à conquista do poder, mas não a glória e, explica a diferença entre: crueldades proveitosas - das quais se faz uso umaúnica vez, por necessidade de segurança, cujos efeitos revertem tanto quanto possível em benefícios aos súditos – e crueldades não proveitosas – que ao invés de ser cometida uma única vez e ser extinta, crescem com o passar do tempo.
Para o autor, é importante quando uma determinada ação, por pior que seja, for inevitável, sendo necessário fazê-la rapidamente, de uma forma que mantenha a ordem e oapoio do seu povo.
Diz que, o príncipe deve comandar pessoalmente as forças do exército, assumindo ele próprio os deveres de capitão. Pois aquele que ignora o território sobre o qual se desenvolve a guerra e desconhece os soldados que comanda, estará conduzindo suas forças para a derrota.
Orienta o príncipe de como ele deve proceder ante seus súditos; reconhecendo o desejo natural do homem de serbem visto por todos e também a maldade que há neles, onde, muitas vezes, é melhor ser temido do que amado.
Para Maquiavel existem dois modos de combater: um com as leis (sendo este modo próprio dos homens) e outro com a força (próprio dos animais), onde o uso do primeiro, muitas vezes torna-se insuficiente trazendo a necessidade do uso do segundo.
Ao assumir o governo, o príncipe deve...