Resumo Capítulo Canclini

GARCÍA-CANCLINI, Néstor. De Paris a Miami passando por Nova York. In: A globalização imaginada. Tradução de Sergio Molina. São Paulo: Iluminuras, 2003, p. 133-152.


“Costuma-se afirmar que a industrialização da cultura é o que mais tem contribuído para sua homogeneização. Sem dúvida, a criação de formatos industriais até para algumas artes tradicionais e para a literatura, a difusão maciçafacilitada pelas novas tecnologias de reprodução e comunicação, o reordenamento dos campos simbólicos num mercado controlado por poucas redes de gestão, quase sempre transnacionais, tudo tende à formação de públicos-mundo com gosto semelhantes. Não obstante, (…) até os setores mais dispostos a participar da globalização não a imaginam do mesmo modo na arte, na literatura ou outro tipo depublicações, nem no cinema, na televisão e na música. Dentro de cada um destes campos, verificamos diferenças entre o modo como artistas plásticos, museus e galerias, escritores e editoras, músicos e produtores de discos concebem a globalização e se imaginam nela”. (p.133)

as empresas pensam em globalizar

os artistas pensam em experimentar.

Mas, muitas vezes, estes atores se confundem(autores-editores..)

O autor formula três dilemas em que conflitos estéticos se entrelaçam com três opções em conflito nas políticas culturais:
criatividade X comunicação de massa
experimentação linguística X formação de estilos internacionais
recomposição da esfera pública e cidadania

Diferença que existe entre atores estatais e comunitários, dedicados a administrar e disputar os modos pré-globais epré-industriais de fazer cultura X as empresas que controlam as indústrias culturais do simbólico.

Desencontros:

a) as políticas culturais são de caráter nacional (modos pré-globalizados)

b) no entanto, a maioria dos bens e mensagens editoriais, audiovisuais e informáticos não formam parte do patrimônio das nações... “Os textos, canções e espetáculos se fazem em formatos industrializados, sãofabricados por empresas transnacionais, e sua circulação se realiza através de canais controlados por quem dirige – em escala supranacional – o mercado de livros, música, informática, e a fusão multimídia desses bens nas cadeias cinematográficas, de televisão, discos e vídeos, softwares e Internet.” (p.134) empresas privadas concentradas nos Estados Unidos, Europa e Japão (transnacionais)

c)“A ação transnacional e oligopolista das grandes indústrias culturais e informáticas está reconfigurando a esfera pública, a comunicação social, a informação e os entretenimentos cotidianos na quase totalidade do planeta. Por um lado, essa inter-relação mundial favorece o conhecimento recíproco entre culturas antes desconectadas e um acesso mais diversificado de amplos setores aos bens e mensagensmodernas. Mas essa interculturalidade e esta modernidade continuam distribuídas de maneira desigual. As grandes massas esbarram em limitações na sua incorporação à cultura globalizada pois somente têm acesso à informação e ao entretenimento veiculados no rádio e na televisão aberta. Enquanto as classes alta e média, e pequenos setores populares, têm acesso à televisão a cabo e certos circuitosinformáticos, restringindo-se às elites empresariais, universitárias e políticas o uso de computadores, fax, antenas parabólicas, em suma, os circuitos de inovação e interatividade nas redes eletrônicas” (p.134-135)

“Diferentemente do que ocorreu em etapas anteriores dos mercados, até os anos 70 do século XX (ver capítulo 2), quando estes organizavam a cultura sob as regras da internacionalização outransnacionalização, hoje o eixo do debate não mais é entre planejamento estatal ou privatização das ações culturais dentro de cada nação, e sim entre políticas de alcance nacional e políticas globalizadas. Essa diferença se superpõe com a que existe entre políticas públicas, que se restringem à ação dos Estados nacionais em seu território, e políticas empresariais, desenvolvidas pelos...