Revisitando Arno Stern: Olhares (Multi)Coloridos Para Os Desenhos Infantis

REVISITANDO ARNO STERN: OLHARES (MULTI)COLORIDOS PARA OS DESENHOS INFANTIS

Margarete Sacht Góes
mgoes@marista.edu.br

RESUMO
Toda expressão retratada no grafismo das crianças e enaltecida por Arno Stern é discutida neste artigo com o objetivo de refletir sobre os múltiplos atravessamentos histórico-culturais pelos quais a arte infantil é marcada e, assim, consequentemente, revelada nasproduções das crianças. Por meio da análise comparativa dos textos de Stern, Iavelberg e Góes, Olhares (multi)coloridos para os desenhos infantis nos impelem a perceber e (re)conhecer a criança que está presente nas salas de aulas e também fora dos muros das escolas, como sujeito histórico (multi)cultural, descentrado, inacabado e cheio de possibilidades.
Palavras-chave: Desenho. Criança.Cultura.

INTRODUÇÃO
Os primeiros anos da vida escolar são fundamentais nos processos de formação da subjetividade da criança bem como em sua formação acadêmica, crítica, ética e estética, voltada para a transformação social. Na educação infantil, uma das formas de explorar esses aspectos é por meio dos desenhos.
A atividade gráfica para os pequenos é de fundamental importância, portanto estudos,trocas, desafios, incentivos, disciplina, empenho, disposição... tudo isso projeta os educandos para o novo, para a investigação e para a criatividade. Nesse processo, vale lembrar que a aproximação entre a criatividade deve ser indissociada do conhecimento, da afetividade, da sociedade e da vida, pois, segundo Vygotsky, é justamente essa atividade criadora que projeta o homem para o futuro.
Apartir da prática cotidiana, faz-se necessário que o professor faça uma escolha de vida: viver de forma ética e responsável em relação às crianças, percebendo e dando possibilidades para que essa atividade criadora aconteça não somente nos momentos dedicados às aulas de Arte, mas sempre que as crianças estiverem diante de desafios que as movam para a criação e imaginação. Essas escolhas se refletem,cotidianamente, nos desenhos das crianças, aqui entendidos como expressão máxima da atividade infantil, pois, como nos remete Góes (2009, p. 47):
[...] sonhar, imaginar, transcender ao tempo e espaço, é possível para que a criança estabeleça conexões com a própria vida, valores e costumes contribuindo, assim, para a sua educação integral, possibilitando o desenvolvimento de uma visão crítica ereflexiva tornando a atividade criadora harmônica, bela, suave, enfim, essencial para o desenvolvimento infantil e humano.
Para criar e reinventar novas práticas, novos olhares para o desenho infantil, faz-se necessário propiciar momentos em que a criança possa dar asas à imaginação, à criatividade e à ludicidade. Sabemos que a imaginação é a base da atividade criadora e ela se manifesta em todosos aspectos da vida educacional oportunizando o intercâmbio interpessoal e a criação artística.
O ato de desenhar da criança extrapola territórios e, nesse devir, nesse déjà vu, o desenho estrutura-se na imaginação, expandindo-se, tornando-se elástico e incontido. Ou seja, nessa “atividade preferencial das crianças”, fervilham vivências, histórias e tantos outros sentimentos e emoções suigeneris, singulares dos pequenos desenhistas.
No entanto, o dia a dia das salas de aula também traz consigo um outro lado, ou seja, da mesma forma em que as salas de aula da educação infantil podem ser repletas de experiências significativas para a elaboração de desenhos, elas também podem funcionar como um corte nesse potencial criativo.
Quando pensamos nas experiências que a criança vivencia nosespaços educacionais, não podemos deixar de refletir sobre como esses ambientes se constituem historicamente no decorrer dos anos e constituem também os documentos e os sujeitos que neles estão inseridos. Assim, faz-se necessária uma aproximação entre a história e o cotidiano escolar do sujeito-criança.
Buscamos, então, experiências que nos ajudem a entender a dinâmica da criação e elaboração...