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Páginas: 12 (2813 palabras) Publicado: 28 de julio de 2012
Quando Samora zangou com Gonçalves Pereira - texto inédito da primeira visita de Estado do Presidente Ramalho Eanes a Moçambique em Novembro de 1981 Mão amiga fez-nos chegar o texto que hoje reproduzimos, no que poderia ser um “caso de estudo” nas academias de Relações Internacionais do nosso país, como o poderia ser o famoso abraço de Samora e Ronald Reagan junto à lareira do Salão Oval da CasaBranca e que mudou radicalmente o relacionamento entre os dois países, ou ainda o longo passeio pelos jardins presidenciais de Bucareste com Elena Ceacescu de que resultou o megalómano projecto dos 400 mil hectares.Infelizmente as academias (salvo raras e honrosas excepções) não estudam estes “casos” porque continuam presas às verdades oficiais que falam mais alto que a investigação e aintegridade académica, como aliás nos tem sido mostrado na versão que querem que acreditemos dos 50 anos do movimento pelo libertação de Moçambique e para a qual têm sido cooptados todos e tudo.O texto, escrito à data por um jovem diplomata luso, devidamente identificado pelo jornal, reflecte claramente as clivagens que se viviam na altura entre Moçambique e Portugal, quando por exemplo se questionava se umpresidente de Lisboa devia ou não depositar uma coroa de flores na Praça dos Heróis e quando as redacções mais inconformistas continuavam – acima das razões de Estado – a apelidar Eanes de “fascista” e a fazer a colagem da sua imagem de óculos escuros com o tristemente célebre general Augusto Pinochet. O título original do texto é “O Exorcismo” pelo que a presente titulagem e subtítulos são daresponsabilidade do jornal, assim como as notas avulsas. Caminhámos lentamente pela alameda do Palácio da Ponta Vermelha.Levaram-nos para o vasto salão de reuniões. Era o primeiro encontro das duas delegações, encontro alargado (25 de Novembro de 1981). Seríamos uns cinquenta de cada lado. No centro da longa mesa, face ao Presidente de Portugal, Samora resplandecia, os olhos redondos e muitoabertos, percorriam e prescutavam os circunstantes, com um brilho alegre. A contrastar com esta exuberância, a seu lado, sentava-se com ar distante e frio, Chissano, no seu modo e configuração de príncipe.Samora, sempre a sorrir, deixou cair o silêncio que impôs pelos olhos e fitando Ramalho Eanes interpelou-o em tom jovial: "cá, como em Portugal, quando se encontra um amigo, pergunta-se, então comoestá tudo lá por casa?"O General, na sua maneira sisuda, fez uma exposição sucinta e incisiva da situação portuguesa. Quando se calou Samora abanou devagar a cabeça."Pois a mim parece-me que as coisas por lá não andam nada bem, mesmo nada bem. Os Partidos não se entendem entre si, dentro dos Partidos reinam as maiores desavenças e ninguém respeita o Presidente da República. Eu quando ando por aí aviajar e me perguntam “como vão as coisas lá por casa do teu patrão? “não tenho outro remédio senão dizer que andam mal, mesmo muito mal. E não me agrada nada ter que confessar isso porque, sabe Senhor Presidente, sempre se faz gosto na casa do patrão...”Não se ficou por aqui. Durante meia hora desenvolveu o tema.Eu que detesto escândalos públicos comecei a sentir cólicas, receoso que o ministro dosNegócios Estrangeiros, mais visado por representar ali o Governo AD (nr: Aliança Democrática, uma coligação entre o Partido Social Democrata (PSD) e o Partido Socialista), se levantasse e saísse.O Presidente no seu feitio ponderado, na sua maneira de reagir lenta, matreiramente não interrompeu as diatribes inconvenientes de Samora. Só muito mais tarde, no final das conversações, disse a Machel queescutara com muita atenção os comentários sobre Portugal. Que da boca de outro Chefe de Estado seriam inaceitáveis, uma interferência aberta nos assuntos internos portugueses, mas que tais palavras vindas dum Presidente de Moçambique só quereriam por certo significar fraternidade e reflectir as relações muito íntimas entre os dois Países. Além disso e para futuro, ficávamos nós livres para...
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