Transcendendo A Desconstrução
Nicolau Ginefra
Introdução
Um dos pontos-chave em que Jacques Lacan (o mais iunguiano dos froidianos) se assume como froidiano é a definição da natureza do sujeito.
A partir de que "o núcleo de nosso ser nãocoincide com o ego" *, o abismo existente entre Freud e Jung é sintetizável na sentença froidiana "o sujeito não é o ego" * enquanto na iunguiana temos: "o sujeito não é apenas o ego".
Tendo-se em mente que, em seus respectivos aspectos mais elevados, as expressões de religiosidade tendem a convergir, apresentamos um estudo subdividido em cinco pequenas partes abrangendo cosmovisõescomparadas, a saber:
1ª de cinco partes
O fato do budismo, uma das mais refinadas cosmovisões, exercer (talvez com excesso de zelo oriental, segundo um olhar ocidental) a coerência de não conceituar Divindade, por exemplo favorece entendimento da menor dificuldade com que convivem certas correntes budistas e de ateus, grupos filosoficamente tão diferentes, sob regimes ateus (ao longo dahistória humana, afinal, o budismo tem cerca de quinhentos anos a mais que o cristianismo), se comparado ao difícil convivio entre cristãos e ateus em similar situação.
Buda como representativo de Imago Dei é fugaz e nem é proclamado Divindade, assim não constelando o subjacente complexo paterno de muitos ateus, hoje, aliás, imersos no froidianismo.
(* Jacques Lacan, em O Seminário, Livro 2,Jorge Zahar Editor - de onde foi também extraída a citação em epígrafe, bem como as citações lacanianas nas outras quatro partes deste trabalho de Nicolau Ginefra.) >>
2ª de cinco partes
A ligação do fato adicional do budismo (mística abstração patriarcal do Oriente) considerar (mercê de típica religiosidade nirvânica) o sujeito ilusório ao fato de Freud (se bem que calcado na contingênciae em sua caótica & unidirecionada noção de inconsciente) advogar a plena relatividade do sujeito reforça - se bem que de maneira também difusa - a analogia entre os três grupos (budistas, froidianos e ateus) "ocidentalizando" tal sutil visão introvertida e (prática froidiana tão usual) reduzindo-a [no que chamaremos de Tese Dois] a mero tablado neomatriarcal de confronto com o camaleônicopatriarcado ocidental dos dias de hoje. Voltaremos a este ponto essencial na 5ª parte do trabalho, abordando a análise por Lacan (e colaboradores) da Tradução de "in principio erat verbum" [Jo (1,1)], no que existe bifurcadora ambigüidade.
3ª de cinco partes
O judaico-cristianismo e o islamismo (mesmo o) moderado (cada um dos três em separado) formulam - com maior densidade do que obudismo - os santos mistérios da própria versão de Imago Dei (a palavra masculina de Deus ouvida por Moisés, nosso Cristo divino filho de Deus, o patriarcado em si da escrita do Corão, respectivamente) e mesmo sobrepõem amiúde Imago Dei e Divindade (Maimônides se posiciona aquém das conversas de Deus com Moisés {Ex[3,4]}); o dogma trinitário, que se pretende absoluto, subentende aproximação míticaatravés do Arquétipo da Trindade; o texto corânico elevado por fiéis islâmicos a palavra literal de Deus;); ..................(assim enfatizam o Deus pessoal cujo liteireiro é a fé e) caracterizam seqüelas que tipificam o Ocidente do jeito (extrovertido e superficialmente solar) que, no geral, é, bem como favorecem, por exemplo, o entendimento dafacilidade de convívio, ao longo do tempo, entre certas correntes dessas três citadas confissões e dos que deificam o dinheiro............................. ...................Ademais, a sobreposição de Imago Dei e Divindade traz uma contradição ao propalado monoteísmo porque insere uma dualidade, presente em Imago Dei, mas ausente em Divindade.
4ª de cinco partes
O conceito...
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