Variado

Páginas: 125 (31242 palabras) Publicado: 6 de julio de 2011
HANNAH ARENDT

DA VIOLÊNCIA

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Autor: Hannah Arendt Título: Da Violência Título Original: On Violence Tradução: Maria Claudia Drummond Data Publicação Original: 1969/1970 Data da Digitalização: 2004

Esta obra foi formatada e revisada por um de nossos colaboradores, estáliberada a sua distribuição gratuita ou por justo-social valor, pode ser reproduzida no todo ou em parte preservando seu conteúdo e o nome do autor, sendo bem coletivo de toda a humanidade.
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ÍNDICE

CAPÍTULO I CAPÍTULO II CAPÍTULO III APÊNDICES NOTAS

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CAPÍTULO I

Essas reflexões foram provocadas pelos acontecimentos e debates dos últimos anos, vistos no contexto doséculo XX, o qual tornou-se de fato, conforme predissera Lênin, um século de guerras e revoluções. Portanto, um século da violência que atualmente se acredita seja seu denominador comum. Há, entretanto, um outro fator na situação atual o qual, embora previsto por todos, tem pelo menos importância igual. O progresso técnico dos instrumentos da violência alcançou agora o ponto onde objetivo políticoalgum poderia corresponder ao seu potencial de destruição ou justificar o seu emprego real em conflitos armados. Portanto, a guerra – árbitro definitivo e impiedoso nos conflitos internacionais – perdeu muito de sua eficácia e quase que todo o seu glamour. O xadrez apocalíptico que se desenrola entre as superpotências, isto é, entre aquelas que se movimentam nos níveis mais altos de nossacivilização, está sendo jogado de acordo com a regra “se qualquer um dos dois ‘vencer’, é o fim de ambos”;1 é um jogo que não apresenta qualquer semelhança com quaisquer jogos que o precederam. O seu objetivo racional é a dissuasão e não a vitória; e a corrida armamentista, não mais uma preparação para a guerra, somente se justifica agora argumentando-se que mais e mais dissuasão é a melhor garantia da paz.Para a indagação de como poderemos um dia desembaraçar-nos da óbvia insanidade dessa situação, não existe resposta. Uma vez que a violência – distinta do poder, força ou vigor – necessita sempre de instrumentos (conforme afirmou Engels há muito tempo atrás)2, a revolução da tecnologia, uma revolução nos processos de fabricação, manifestouse de forma especial no conflito armado. A própriasubstância da violência é regida pela categoria meio/objetivo cuja mais importante característica, se aplicada às atividades humanas, foi sempre a de que os fins correm o perigo de serem dominados pelos meios, que justificam e que são necessários para alcançálos. Uma vez que os propósitos da atividade humana, distintos que são dos produtos finais da fabricação, não podem jamais ser previstos com segurança,os meios empregados para se alcançar objetivos políticos são na maioria das vezes de maior relevância para o mundo futuro do que os objetivos pretendidos.

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Ademais, ao passo que os resultados das ações humanas escapam ao controle dos seus atores, a violência abriga em seu seio um elemento adicional de arbitrariedade; em lugar algum desempenha a fortuna, boa ou má sorte, papel mais decisivonas atividades humanas do que no campo de batalha, e essa intromissão do inesperado não desaparece quando é chamado de “acontecimento fortuito” e é considerado cientificamente suspeito, e nem poderia ser eliminado através de simulações, cenários, teorias, e outros artifícios. Não existe certeza no que diz respeito a essas questões, nem mesmo uma certeza final de destruição mútua sob certas ecalculadas circunstâncias. O mero fato de que aquelas pessoas que se dedicam ao aperfeiçoamento dos meios de destruição atingiram finalmente um nível de desenvolvimento técnico onde o seu objetivo, a luta armada, chegou a ponto de desaparecer em sua totalidade em virtude dos meios à sua disposição3, parece um irônico lembrete dessa imprevisibilidade que a tudo permeia, e que encontramos no...
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