E.P. Thompsom E As Contribuições Para A História Social E Os Estudos Sobre Escravidão
Resumo: Este artigo tem como intuito tematizar as transformações nas concepções sobre a narrativa histórica a partir das proposições conceituais elaboradas por E. P. Thompson, ao estudar a atuação da classe operária inglesa como agente histórico principal desua formação. Com sua pesquisa o historiador inglês abriu novas perspectivas para a História Social. Para concretizar o objetivo, este trabalho faz um exame do trabalho clássico “A formação da classe operária inglesa”. Nela apontando aspectos centrais e analisando como, nesta narrativa sobre a história dos operários ingleses, o autor operaliza seus conceitos e se diferencia de outros paradigmashistoriográficos. Para acrescentar, o trabalho analisa ainda como as concepções thompsonianas podem ampliar os estudos acerca da escravidão e da abolição no Brasil durante a segunda metade do séc. XIX. Palavras – chave: Thompson – Historiografia – História Social
O historiador inglês Edward Palmer Thompson foi membro do Partido Comunista inglês e influenciado pelo marxismo. Ele foi um marxista querepensou o marxismo, sobretudo em seus silêncios. Em sua narrativa trouxe rupturas com o modelo marxista dos seus antecessores. Sua obra é famosa pela renovação historiográfica e composição da chamada História Social Inglesa, pois renovou a narrativa história sobre os trabalhadores ingleses. Esta renovação se deu com o lançamento do livro “A formação da classe operária inglesa.” Livro lançado em1963 em três volumes, que inovou a análise sobre as origens da classe operária inglesa no período de 1790 a 1832. Thompson, a partir de uma investigação empírica, examina o “fazer-se” da classe operária inglesa mostrando que este foi um processo ativo. Assim, a classe operária não foi determinada de uma hora para outra. Ela se constituiu e participou ativamente deste fazer-se. Isto ele explicitouno famoso prefácio de “A formação da classe operária inglesa: a árvore da liberdade”, tão estudado e enfocado pelos que se interessam pela obra do historiador em questão, onde inicia sua obra explicitando sua concepção de classe, a qual é diferente da noção clássica de classe para os marxistas: “Não vejo a classe como estrutura, nem mesmo como uma categoria, mas como algo que ocorre efetivamente ecuja ocorrência pode ser demonstrada
nas relações nas relações humanas (...) a noção de classe traz consigo a noção de relação histórica (...) A classe acontece quando alguns homens, como resultado de experiências comuns (herdadas ou partilhadas), sentem e articulam a identidade de seus interesses diferem (e geralmente se opõem dos seus).” (THOMPSON: 1987, P.9-10) Nestas célebres palavras,Thompson considera que a formação da classe operária inglesa como processo ativo que se deve tanto a ação humana como aos condicionamentos sociais – ela formou-se a si própria. A classe é constituída por homens e mulheres em suas ações e relações sociais. Como relação histórica, uma classe relaciona-se com outra. A classe se define pela sua história e como formação social e cultural, que só adquireexistência ao longo de um processo histórico que envolve as experiências dos trabalhadores. Uma marca da teoria thompsoniana é noção de experiência que o autor enfatiza. A experiência – termo ausente na ortodoxia marxista – permite perceber e reconhecer as ações humanas fazendo a história. Esta é feita por agentes efetivos e não uma história em que predomina estruturas sem sujeito. São asexperiências cotidianas “herdadas ou partilhadas” e de lutas das pessoas que contribuem para seu fazer-se. Logo, a classe não é só determinada pela posição econômica que o indivíduo assume dentro da estrutura de produção em sua sociedade. Com isto o historiador inglês cunhou o conceito de agenciar humano percebendo os trabalhadores como sujeitos de sua história, daí ele se preocupar com as experiências...
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