O Movimento Humanista E A Marcha Mundial Pela Paz E Não Violência: Articulações De Redes Na América Latina
O Movimento Humanista e a Marcha Mundial pela Paz e Não Violência: articulações de redes na América Latina
Vilma Barbosa Felix (UFPE) vilmafelix@hotmail.com
O Movimento Humanista e aMarcha Mundial pela Paz e Não Violência: articulações de redes na América Latina Vilma Barbosa Felix1 A Marcha Mundial pela Paz e Não Violência foi uma iniciativa de um dos organismos do Movimento Humanista (MH), a ONG Mundo Sem Guerras e Sem Violência. A ação começou na Nova Zelândia no dia 2 de outubro de 2009, data em que se comemora o aniversário de Mahatma Gandhi, que, juntamente com Tolstoi eMartin Luther King, representa a verdadeira inspiração para o MH. A data foi declarada Dia Internacional da Não Violência pela Organização das Nações Unidas (ONU) e assinala, segundos os ativistas, uma das conquistas do movimento. A Marcha, que passou por Pernambuco em 17 de novembro, terminou no dia 2 de janeiro de 2010 em Punta de Vacas, Cordilheira dos Andes, onde se iniciou o movimento, no jádistante ano de 1969. Segundo seus organizadores, a Marcha foi uma demonstração da força do MH, pois sua finalização, no dia 2 de janeiro de 2010, conseguiu reunir cerca de 15 mil pessoas, de diversas partes do mundo, num local de difícil acesso, perto da fronteira entre Chile e Argentina2. Com este evento, o MH deixa claro, através dos seus sites na internet (ferramenta muito utilizada pelosativistas para comunicação e mobilização), que “é chegada a hora, há muito esperada pelos humanistas, de um maior engajamento mundial que sensibilize as nações para o fim das guerras e de todas as formas de violência no planeta”. A Marcha Mundial pela Paz e Não Violência não é um fenômeno isolado. Acompanha uma tendência verificada desde a década de 1990, quando ocorreu, por exemplo, a realização daMarcha Mundial de Mulheres (1995), que acontece regularmente todos os anos até hoje. Este fenômeno está relacionado a um novo formato de mobilização que tem pautado os chamados novos movimentos sociais. Mais recentemente, em 2011,
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Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). 2 Ver “La Marcha Mundial que pasó por Mendoza”.Disponível em: . Acesso em: 26 out. 2010.
assistimos a emergência de diversos movimentos de protesto que tomaram as ruas em diferentes partes do mundo, como a Marcha dos Indignados, a Marcha da Maconha e o Ocupe Wall Street. Este artigo tem como objetivo discutir o fenômeno das marchas, através da Marcha Mundial pela Paz e Não Violência. É parte do meu projeto de pesquisa de mestrado e por issomesmo constitui apenas uma reflexão introdutória ao tema. Faremos uma breve explanação sobre o movimento idealizador do evento, o MH, e em seguida detalharemos o que foi a Marcha e como ela foi realizada. Num terceiro momento, procurarei demonstrar as estratégias utilizadas na mobilização dos ativistas, indagando sobre a possibilidade de formação de redes de movimentos sociais à luz de algunsteóricos latino-americanos que tratam a questão dos novos movimentos sociais nesse continente.
O Movimento Humanista Cotidianamente, a palavra humanismo é utilizada para indicar “toda tendência de pensamento que afirme a centralidade, o valor, a dignidade do ser humano, o que mostra uma preocupação ou interesse primário pela vida e pela posição do ser humano no mundo” (PULEDDA, 1996, p. 5). No final dadécada de 1960, na Argentina, assistimos a uma espécie de retomada radical desses valores. Em um cenário comprometido com as adversidades estabelecidas pela ditadura militar vivida não apenas naquele país, mas em quase toda a América Latina, o pensador Mario Rodrigues Cobos, conhecido como Silo (1938-2010), lançou as bases do MH, ao discursar, para aproximadamente 200 pessoas e na presença da...
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